quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

FELIZ 2024!

Foto maravilhosa de Takashi Hiratsuka, antevéspera do Natal de 1960, na rua Direita. A Casa Bevilacqua à esquerda facilita localizar: esquina com a rua Quintino Bocaiuva, onde hoje funciona, em prédio belíssimo, o bar musical Casa de Francisca.  Ah, os bons tempo do Centro, que era o centro de toda a cidade.  Havia os centrinhos na Penha, na Lapa, Pinheiros, Santana... Mas o Centro era "O" centro, e a rua Direita todo dia com a maior aglomeração de pessoas, talvez do mundo. O Natal nos corações continua o mesmo.  O Centro é que não mais.  Mas acredito firmemente que ele volta, se não com aquele glamour todo, ao menos com a sua inerente dignidade, pois pipocam iniciativas por lá.  Só falta...  falta muita coisa, sei, mas acredito. BOAS FESTAS queridos e queridas!  E um 2024 de paz, e com a paz vem a saúde, me disseram da Bahia...

Foto de Takashi Hiratsuka, no Facebook, grupo Amo SP - Fotos antigas.




sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

LENDO.ORG (64)

E aí, já fez suas listas de fim de ano, tipo retrospectiva?  As maiores emoções, as pessoas mais legais, as mais malas rsrs, as músicas velhas que mais gostou de (re)ouvir, que as novas você nem conhece, as grandes alegrias e as grandes mancadas...  Não lembra?  Não tem um diário pra anotar?  Não dá a mínima pra listas?  Tudo é possível...  Já eu, minha lista principal, a mais cuidada e abastecida, você sabe, é a de livros comprados e livros lidos.  Comprados, nem vou contar quantos foram.  Mais fácil somar quanto gastei no ano e foi quase seis mil reais!  Se livro é a minha cachaça, essa tá com preço de uísque escocês... Pode perguntar: pra que comprar 150 livros, se só leu 35?  É a história da cachaça, que melhor dizendo é vinho: não pode faltar na adega.  Dos 35, 10 foram ficção, romances.  Teve Jorge Amado, teve Kafka, teve Ishiguro (que gosto), teve Hesse (que amo), mas o livro de ficção do ano foi um clássico: Jane Eyre, de Charlotte Brontë, irmã da Emily Brontë de Morro dos Ventos Uivantes.  Pensa um livro sensível e bem escrito, profundo sem ser abissal, rico sem ser difícil, com histórias de amor fraternal e conjugal, pensa um livro de 480 páginas que te fazem sorrir e chorar, e quando chega no fim você está tão íntimo da personagem (ou do autor, não sei) que fica triste que acabe.  Fica a dica (tem fácil na Estante Virtual): Jane Eyre. 

Jane Eyre, de Charlotte Brontë (1816-1855)


sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

LENDO.ORG (63)

Li 35 livros em 2023. E você? Por aqui contabilidade encerrada. O que der pra ler agora é lucro... Cabeça cansada de trabalho, de dedicações cívicas...  Como diz a Júlia, o aposentado mais agitado do Brasil. Talvez.  Quando o cansaço impede de ler mais livros, a coisa está séria.  Mas foram 35.  Mais que em 2022. Registro na agenda e dou nota.  Dos 25 livros de não ficção, a maior nota foi para um comprado em um sebo: Lembranças, de Peter Naumann.  Lembranças da infância na Alemanha nazista.  Filho de mãe judia e pai cristão, foi poupado mas sofreu em dobro, vendo toda a família materna desaparecer sob o tacão, inclusive a mãe, dor suprema.  Nada esqueceu, ao escrever já com 80 anos.  Xingou, deu nome aos bois truculentos que pisaram na dignidade humana. E quando acabou a guerra, ele e o pai no lado oriental, saiu o nazismo, entrou a tirania soviética, o refresco foi pequeno... Então a fuga para o Brasil. Tudo contado.  Emocionante. Livro da editora Scortecci, Liguei pra lá para saber do autor, fui informado que era uma pessoa muito culta (percebi no livro), e que morreu faz pouco tempo, com 90 anos.  Lavou-me a alma. Fundamental resistir a essa visão de mundo rasa, pequena, desumana, que é a dos governos totalitários e tiranos.  Que, por incrível que pareça, andam em ronda por aí...

Entre os 25 livros de não ficção lidos no ano, o mais legal. 


domingo, 3 de dezembro de 2023

NÃO É POR AÍ... (95)

Quase mais ninguém assiste TV aberta, das pessoas que conheço. Mas fiz isso nesta semana, 6h50, no dia da greve de transportes, pra saber como as coisas estavam.  Pensei: vou pôr na Bandeirantes, que se gaba de prestar serviços, etc... e dei com isso que está na imagem. Mamamia!  Tudo bem que os Saad precisam faturar, a máquina custa caro, salários têm que ser pagos, mas péra aí!  Fiquei olhando os ícones bancários, os quadros na imagem, meio hipnotizado por algum segundos...  Que comédia é essa?  A cidade numa tremenda confusão de trânsito, e o horário matinal da emissora ocupado com a... IUDP = Igreja Universal Deus Proverá. É, a cara-de-pau tá espalhada mesmo. Da "política" à "religião", fazem o que querem, sem o menor constrangimento...  Ou eu é que fico sonhando com um outro mundo, e não entendo nada deste mundo aqui?

TV Bandeirantes, dia 28/11, às 6h50. Prestação de serviços no dia da greve...


segunda-feira, 20 de novembro de 2023

NÃO É POR AÍ... (94)

Vale lembrar que a Argentina é a atual campeã mundial de futebol. O moral dos hermanos está lá em cima, e foram pra rua comemorar a eleição de um cara mui estranho, tipo: o cabelo tudo bem, mas e a cara adoidada cor de rosa?  E a jaqueta preta de bandoleiro? E portar motosserra? Consegue ser pior do que empunhar um rifle... Nomeia-se "libertário" e fico pensando o que seria isso, sem grande conclusão senão achar parecido com "incendiário".  Péra aí!, tudo bem, esse novo síndico não é do meu prédio... mas é do prédio geminado!  Se pega fogo, pegamos fogo!  Vão dizer que não pegou fogo quando teve coisa parecida aqui, por quatro anos.  Só se 700.000 mortos pela covid e o 8 de Janeiro não forem incêndios de dantescas proporções...  Laurita mandou ontem à noite a imagem abaixo. Quando até o astro rei chora por nós...




sexta-feira, 20 de outubro de 2023

LANCES URBANOS (90)

São Paulo precisa parar!  Ou, pelo menos, crescer de forma inteligente, dialogada.  No Estadão impresso de hoje. 

Estadão impresso de 20/10/23



terça-feira, 17 de outubro de 2023

SHOW DE BOLA! (111)

Facebook me basta.  Insta seria excessivo.  No Face já me vem umas coisas incríveis, como essa foto na página do compositor, pra homenagear o mestre. Encontro de dois gigantes que amo. Sobre o professor mineiro, e do mundo, muito já se escreveu. Sobre o compositor alagoano, e do mundo, quando eu aposentar (de vez) escreverei uma biografia, autorizada ou não. Um livrinho de tiragem pequena. Tributo.

No Face do compositor alagoano



sábado, 7 de outubro de 2023

NÃO É POR AÍ... (93)

Cartinha no Estadão impresso de hoje. Indignou-me, na manchete do jornal de ontem, a palavra "engano".  Pisou na bola o redator.  Qual o engano, pelamordeDeus!?

Estadão impresso de 07/10/23


quinta-feira, 5 de outubro de 2023

UM NOVO TEMPO... (7)

A Constituição "Cidadã" completa hoje 35 anos. 1988. Fazia só dois anos da turbulência do Plano Cruzado, tão agitado e caricato quanto o Plano Collor, quatro anos depois. Entre os dois eventos marcantes, a promulgação da nova Constituição, cheia de pompa e circunstância, com uma assembleia constituinte (que chique!) escrevendo suas linhas e páginas. Imagine se fosse hoje, redes sociais azucrinando tudo...  Enfim, ela segue aí, alterada por tantas PECs e, ainda assim, segurando as pontas das nossas instituições e liberdades. Experimenta rasgar a Constituição, outras coisas rasgam junto...  Pois é, 35 anos.  O que você fazia então?  Constato que foi um ano-ilha pra mim: 1987, morando em Iguape, nascia a Noah.  1989, morando no Tremembé, nascia a Julia.  No meio 1988, morando no Brooklin, estagiando na Volkswagen, nascia a dita Carta Magna... Mudanças fundamentais.  E você, diz aí o que fazia em 1988...

Ulisses Guimarães e a Carta Magna em 05/10/1988
foto: Arquivo/ Câmara dos Deputados in amaerj.org.br

 

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

LENDO.ORG (62)

Em Dezembro de 81, quando entrei no Fórum João Mendes para o 1º dia de trabalho, ela já estava lá.  40 anos depois aposentei, e ela permaneceu, até que veio a notícia: a Livraria Saraiva da João Mendes fechou definitivo as portas.  Eu cantei a bola, aqui.  Quando uma livraria abre saldão de 50%, já elvis...  Lembro da Freitas Bastos, na 15 de Novembro, e da Duas Cidades, na Bento Freitas, a alegria triste dos compradores, livro pela metade do preço significa livraria com os dias contados...  As mega-stores, das quais a Saraiva foi praticamente a pioneira (mas as da Cultura eram imbatíveis) não resistiram à internet e ao celular.  Pela internet se compra.  Pelo celular se deixa de ler...  Tem saída isso? Pra quem acha que tem, restam as pequenas livrarias de bairro.  Até aqui na França Pinto tem. Mas adotei a Livraria da Tarde, em Pinheiros. Pago lá os pecados dos livros pechinchados nos sebos, comprando a preço cheio, tendo o prazer de ver os lançamentos, os livros brilhando de novos, os vendedores vocacionados e dedicados, um charme especial...  Livraria da Tarde eu disse.  Conheça.



segunda-feira, 25 de setembro de 2023

LANCES URBANOS (89)

Se eu não perguntasse, até agora não saberia o time do meu pai.  Um dia perguntei, ele respondeu São Paulo, e não tocou mais no assunto.  Assim foi fácil pra dois tios encaminharem meu coração para o Parque São Jorge. Meu irmão Fábio, chuto que foram as amizades - por certo não foi seu Edion - que o tornaram tricolor. O outro irmão, Paulo, palmeirense roxo, tava na fase de ir com a torcida organizada, quando o destino resolveu abduzi-lo da gente, aos 17 anos...  Mas gira a manivela pra 40 anos depois, pra agora.  Estou hoje, depois de consulta médica, fazendo hora com meu pai pela Vila Bertioga, cantinho do Alto da Mooca, esperando abrir o almoço por quilo na padaria, quando dou com a praça Tristão da Cunha.  Pára o carro! Eu não ia tocar no assunto, deixa os tricolores felizes no seu canto, mas olha só essa praça, parece que foi pintada hoje!



sexta-feira, 8 de setembro de 2023

LANCES URBANOS (88)

São Paulo é muito padaria. Qual a sua querida, a do coração, a primeira? A minha primeira padaria fechou há décadas, Lisbonense chamava-se (nome lindo!), na rua Roberto Simonsen, em plena Sé. Depois no Bixiga, Brooklin, Tremembé, Perdizes, outras vieram e foram, padarias com histórias pra lembrar. Em Bento Gonçalves não tem padaria!, diz minha filha que mora lá e sente falta... Ficaria rica se abrisse uma? O Sebrae que o diga... Mas o tema é padarias porque acabei de almoçar em uma das que me servem aqui na Vila Mariana. Que a Rosinha, simpática dona da Gemel, não me interprete mal: gosto muito do seu almoço por quilo, vou sempre, mas quando quero variar, subo na Charme e invariável peço esse prato da foto. Não, não sou de fotografar pratos, ainda mais um singelo "mini-bife". É que acabara de ouvir a conversa de duas atendentes, uma delas em seu primeiro dia de trabalho ali. A conversa era que caminho fazer do metrô até lá... Quem não teve essa emoção do primeiro dia de trabalho, o melhor trajeto a fazer, chegar por aqui ou por ali? Aí perguntei onde ela morava. E ela me respondeu. E eu pasmei. E meu queixo caiu. Guaianazes! O Mapograf mostra: 30km de reta trem + metrô. 60km por dia todo dia. Acorda às 3 da manhã a mocinha, me disse. Vai ser jovem e ter saúde assim de fazer esse trajeto todo dia lá em... Guaianazes!  Sim, ela precisa, mas tem algo errado aí...


quarta-feira, 6 de setembro de 2023

LANCES URBANOS (87)

Encontrar um parque fechado em plena 4ª-feira é frustrante.  Saber que ele está fechado há nove meses é deprê!  Eu tinha uma hora livre antes de um compromisso familiar no Alto da Mooca, então pensei em finalmente conhecer o espaço, cujo arvoredo e grafismo na av. Paes de Barros sempre chamou minha atenção. Estacionei, me animei e... burros n'água!  Dei com a cara na porta!  Refeito do baque, fui dar uma volta no quarteirão (o parque tem 21.000m2, como está nessa simpática matéria AQUI). Em uma banca de revistas colada no muro lateral, soube que está fechado desde Dezembro, e que os moradores reclamam, afinal o bairro não tem parques...  Choros trocados, segui, encontrando nos fundos duas grandes unidades de um desconhecido Hospital São Cristóvão.  Puxa, pensei, poderia ser parceiro pra manter a área, se a Sabesp não consegue, não tem dinheiro, não tem vontade...  Segui, até que quase fechando o contorno, encontrei uma agência de atendimento da dita empresa. Fila, caras tristes com contas na mão, falei ah, vou entrar nessa fila pra reclamar!   20 minutos (que eu queria ter usado passeando no parque) depois, a atendente Amanda nem esboçou surpresa, puxou uma prancheta com uma folha de sulfite e pediu pra eu relatar a reclamação, que ela encaminharia.  Relatei.  Ela vai encaminhar? 

Parque na Mooca fechado há 9 meses...


terça-feira, 15 de agosto de 2023

LANCES URBANOS (86)

Serão os últimos dias da Saraiva da João Mendes?  Quem fez Direito, quem transitou pelo fórum central nos últimos 40 anos, com certeza tem uma estória pra contar da livraria Saraiva da praça João Mendes... Naquele prédio histórico tão bem conservado, três andares de livros.  No térreo temas gerais. No subsolo didáticos.  No primeiro andar ala exclusiva para os livros jurídicos, ao lado de um café que teve dias de glamour: belas moças ou elegantes senhoras, alegres jovens ou compenetrados senhores, tomando um capuccino, folheando um livro, batendo papo, paquerando... Assim até um passado recente. Sobreviveu à decadência do Centro, à Amazon e até à pandemia (vaticinei que não reabriria, após meses fechada... como a gente se engana... bem, o café não reabriu.)  Então pois é, passei hoje na frente, olhei pra dentro e uma melancólica plaquinha anunciava: todos os livros com 50% de desconto. Ah, puxa!, aquele misto-quente de tristeza e alegria...  Já disse, sou um perverso caçador de livrarias com 50% de desconto, a parte da alegria.  E sou um consciente de que não devia mais agir assim, já tenho mais livros do que lerei na última reta da vida, a parte da tristeza... Até porque todas as vezes que livrarias colocam seu acervo a 50%, fecham na sequência... Eu não deveria sorrir, mas sorri com 5 livros na sacola... Não sei até quando vai o desconto, não sei se está em todas as unidades da centenária livraria, ah, não sei nada, mas vai lá, escolhe a Saraiva da tua memória e a visite antes que acabe.

A Saraiva da João Mendes hoje, 15/08/23

 

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

LANCES URBANOS (85)

Quando às 7h30 a viatura da Força Tática estacionou de ré na calçada da Faria Lima e fuzis saltaram, eu falei, puxa, o prefeito vem mesmo, autoridades na área.  Mas quando os PM chegaram junto pra saber se éramos do manifesto, ah, entendi, é segurança chamada pra dar conta dos manifestantes! Manifestantes... Se eles soubessem antes que seriam só os "gatos-pingados" que éramos, ainda que representando os milhões de moradores despossuídos de qualidade de vida nessa cidade adoentada, ah, não teriam alocado bem uns 15 policiais, viaturas e até paisanas.  Uma "baratinha" (lembram?) daria conta, éramos nós (é nóis viu!), muito pacíficos, munidos só com as palavras de ordem nos cartazes. O prefeito certamente nos viu ao chegar.  Já nós não o vimos.  Entrou camuflado em um das dezenas de carros de luxo insulfilmados que mergulharam na garganta profunda do Plaza Iguatemi.  Ele viu metade da turma.  A outra estava no acesso do hall principal, passou o secretário de Planejamento Gadelho, passou o relator da revisão do PDE Rodrigo Goulart (cumprimentando todos, polítitico que é), passaram muitos engravatados deixados por ubers pretos. O seminário no 11º andar chamava-se O Novo momento do mercado imobiliário, organizado pelos poderosos Secovi, Abrainc e Lide.   Até aí, normal.  Anormal é o prefeito estar lá, e não ter um olhar crítico, ao menos neutro,  nesse momento em que todas as mídias cobrem todos os dias os impactos que a indústria das incorporações está gerando na cidade. Em que a cidade, repito, doente, tá na UTI. Então fomos lá mostrar que a cidade é também dos seus moradores, dos seus habitantes.  Mostrar que existimos. E que também temos demandas, que estão muito mal atendidas.  Fizemos o que tínhamos que fazer.  E então? Vai nos atender ou não sr. prefeito? 

A cidade bateu no iceberg.  Quem disse não fomos nós, foi o maior escritor paulista vivo. 


segunda-feira, 17 de julho de 2023

SAUDADES... (55)

Sou corintiano desde 1969, quando tio Wilson Abdalla (é, tive um tio árabe rsrs) passou em casa pra me levar ao estádio.  Eu tinha 6 anos e não quis ir, mas ele me deu uma bandeira alvinegra, pesada, cheia de lantejoulas, que me ganhou. E assim, nesses mais de 50 anos acompanhando o Timão, certos jogadores ficaram mais no coração.  Um deles foi o Palhinha.  Quando Rivellino saiu, veio Palhinha, de Minas, como grande craque para vestir a 10.  E vestiu com muita garra e categoria. Quando Sócrates chegou, formaram uma grande dupla. Está na minha seleção de 22 nomes do Timão, fácil.  Pois Palhinha se foi, hoje. Jovem, pros padrões atuais, 73...  Saudades.

Vanderlei Eustáquio de Oliveira, o Palhinha (1950-2023)
Foto: Ronaldo Kotscho/ Placar

  

sábado, 8 de julho de 2023

SAUDADES... (54)

Duas das filhas do Silvio Santos moram no Jardim Lusitânia, numa travessa sem saída da av. 4º Centenário. É abrir uma porta no muro e ter o Ibirapuera como quintal, elas sabem o valor de um parque perto de casa. Então como não vão aceitar a criação do parque do Rio Bixiga? Se forem judias como o pai , devem saber que aqueles entulhos que estão no centro do terreno da Jaceguai são da sinagoga que havia ali, no lado da rua da Abolição. E aí? Qualquer dia o Sílvio vai morrer, e não seria lindo uma estátua desses grandes comunicadores, Sílvio e Zé, Zé e Sílvio, quiçá de mãos dadas (não seria maluquice demais sendo o Zé e o SS), de mão dadas eternamente celebrando a vida, São Paulo, o Bixiga? O teatro Oficina, desenho da arquiteta Lina Bo Bardi, precisa do respiro dessa área. E o teatro Imprensa é ali a 100 metros! Fazer a conexão cultural desses espaços... Tanta coisa boa a ser feita... Que a passagem do Zé Celso detone esses processos, um parque pra chamar de nosso, né Zé? Evoé! Saudades...  (Clique aqui para assinar petição pelo parque)
Proposta do Parque do Rio Bixiga, sonho do Zé Celso (1937-2023)


terça-feira, 27 de junho de 2023

LANCES URBANOS (84)

A razão pela qual me engajei na luta contra a revisão proposta do Plano Diretor é simples: São Paulo é uma cidade às portas da UTI, por overdose. Overdose de carros e distâncias a percorrer.  Overdose de prédios encobrindo horizontes.  Overdose de asfalto e concreto soterrando o verde. Uma cidade que precisa de uma junta médica, no caso composta por arquitetos-urbanistas, sociólogos e economistas, para pensar, dedicada e profundamente, a terapia intensiva de recuperação.  Mas, em vez disso, o que a cidade tem?  Vereadores alienados, para não dizer venais, de olho no particular, às custas do social. No egoísta, às custas do humano. No ganancioso, às custas do generoso.  Construir mais prédios, como esse gigantesco da foto, numa rua minúscula de Pinheiros?  Atropelando sítios históricos e ambientais relevantes? Sem pensar na infraestrutura já saturada de transportes, água, esgoto e energia?  São Paulo é uma cidade no limite, por isso 11 lúcidos vereadores votaram não. Porém 44 votaram sim, pela sequência da destruição. Tá na hora de defender São Paulo!  Por isso me engajei na luta que, por óbvio, não terminou com a derrota de ontem. 

Prédio gigante na minúscula rua Henrique Monteiro, Pinheiros


terça-feira, 13 de junho de 2023

LANCES URBANOS (83)

13 de Junho, dia de Santo Antônio e aniver de Fernando Pessoa.  Também hoje o Brittadeira completa 10 anos. É, 10 anos, 870 postagens, legal, mas isso é passado.  Importa agora o que estão querendo fazer com a minha, a nossa São Paulo. A cidade já vem doente há tempos, e agora querem avacalhar de vez, com a revisão proposta do Plano Diretor Estratégico – PDE,  liberando construções nos miolos de bairros, sem pagamento de outorga onerosa, etc, etc.  Tipo: esse prédio que fotografei, no convite abaixo: um prédio gigantesco construído na minúscula rua Henrique Monteiro, em Pinheiros.  Alguém pensou no impacto disso?  E querem continuar construindo em qualquer lugar sem planejamento, sem avaliação de impacto.  Por isso, contra essa revisão, é imperativo comparecer na manifestação dia 15 (5ª-f), a partir das 17h, em frente da Câmara Municipal.  São Paulo, já inviável, vai afundar se nada for feito para frear essa ganância, essa sanha destrutiva. 



sexta-feira, 19 de maio de 2023

UM NOVO TEMPO... (8)

Eugênio Bucci, meu articulista preferido no Estadão, pegou pesado com a IA - Inteligência ArtificialOlhe com ternura e compaixão para o mundo à sua volta, porque ele vai desaparecer num suspiro.  Deu medo. Aí escrevi essa cartinha, que saiu no impresso de hoje.  Será que vai bastar a consciência de cada um para decidir o quanto entra nesse novo mundo?  Ou esse mundo vai entrar na gente como um tsunami - diz a matéria - inexorável?  Viveremos pra ver isso. (Se o  texto do Bucci aqui não abrir, peça que envio). 

No Estadão impresso de hoje, 19/05/23


terça-feira, 9 de maio de 2023

SAUDADES... (53)

Ontem a Face-amiga Célia postou Elis e Adoniran passeando no Bixiga (aqui) e cantando Saudosa Maloca.  Um achado. Nas cenas finais eles decidem, em frente à discoteca Aquárius, se entram ou não no show da Rita Lee, Babilônia.  Corri a pesquisar, o disco foi lançado em 1978, a filmagem deve ter sido em 78 ou 79...  Que cena linda!  Eu morava no Bixiga então.  Rita quem sabe morasse aqui na Vila Mariana, onde nasceu e cresceu, na rua Joaquim Távora, de volta ao bairro com Roberto de Carvalho, na rua Pelotas...  Então, ontem, pensei muito na Rita - nossa "mais completa tradução" - será que bem na hora em que ela se foi?  Hoje ela já está, como Iracema,  "bem juntinho de nosso senhor", com Elis e Adoniran, e em nossos corações, para sempre.   
Querida Rita Lee (1947-2023)




terça-feira, 2 de maio de 2023

LENDO.ORG (61)

Dias em Santos, fui ao seu centro para visitar, como sempre em qualquer cidade, sebos. Pelo google estava confuso, mas entendi quando saí da virtualidade e caí na realidade: na praça dos Andradas existem mesmo 4 sebos! Uma realidade curiosa: nessa grande praça retangular, em cada canto dela uma banca de livros usados.  De alvenaria. Três estavam abertas. Nelas encontrei livros e... o choro dos seus proprietários. É que o centro de Santos, como o de Sampa, está abandonado!  É muito louco ver ali a 200m, no Museu do Café, e num restaurante português badalado, muita movimentação, e em volta, abandono!  O centro de Santos é uma riqueza arquitetônica rara... e está abandonado!  Muita gente que vai a Santos por sua praias ou por outra razão, daria um pulo na praça dos Andradas para garimpar livros usados baratinhos, nos seus 4 alfarrábios... Mas o centro de Santos, como o de Sampa, afugenta turistas.  Que lamentável!

Um dos 4 sebos na praça dos Andradas, Santos


quinta-feira, 20 de abril de 2023

SAUDADES... (52)

Me arrepio ao ler novamente o relato (aqui) de Boris Fausto, sobre a forma como nos conhecemos, em 2011.  Que honra ele relatar isso em sua crônica periódica no Estadão.  Nos tornamos desde então, mais do que conhecidos, amigos.  Assim ele dizia, para me deixar orgulhoso.  E eu respondia que ele mesmo não se conhecia tão bem quanto eu o conhecia, afinal li duas vezes seus três saborosos livros de memórias, o que relato na cartinha abaixo, que o Estadão publicou hoje.  Saborosos para quem gosta de inteligência e humor curto e refinado. Pude contar isso ao filho Sérgio, no velório do grande historiador, grande paulistano, grande corintiano e, sobretudo, grande ser humano. Desde já saudades. 
Boris Fausto, 1930 - 2023




quinta-feira, 13 de abril de 2023

LENDO.ORG (60)

Uma perdição para quem ama essa tecnologia antiga, mas super amigável, que são os livros: mais de 150 editoras estão na 5ª Feira do Livro da UNESP, todas com 50% desconto sobre o preço de catálogo.  Desde a gigante Companhia das Letras até muitas editoras universitárias do Brasil afora, com títulos inesperados e preciosos, como  Histórias de Africanos e Seus Descendentes no Sul da Bahia.  Pronto, toca entender a ancestralidade que, pela mãe, veio da África, via Itabuna, terra do cacau...  E assim outras 9 delícias.  Sim, comprei pouco. Indo semestralmente a essas maravilhosas feiras de desconto (que peninha das livrarias...), já me esbaldei muito mais, certa vez foram 35...  A feira vai até Domingo, das 9h às 21h, no campus da UNESP ao lado do metrô Barra Funda, no lado oposto ao Memorial da América Latina. Vai perder?

50% de desconto na Feira do Livro da UNESP.


quinta-feira, 6 de abril de 2023

UM NOVO TEMPO... (7)

O tal ChatGPT está para a tecnologia assim como a construção civil está para a cidade de São Paulo: uma hora tem que parar e refletir.  Ou ser parada e ser refletida.  O que não dá mais é, indefinidamente, os interesses econômico-financeiros prevalecerem sobre os interesses de saúde mental e meio-ambiente, das pessoas e da cidade. O mundo tá no 220!  Que tal baixar a voltagem de tudo?  Se até o Elon Musk tá propondo isso (aqui), segue minha cartinha do Estadão impresso de ontem...

No Estadão impresso de 05/04/23



sexta-feira, 17 de março de 2023

LANCES URBANOS (82)

Pensei que não fossem publicar, afinal o Estadão costuma alinhar com certas causas, por exemplo essa, do Rodoanel Norte cortando o Parque Estadual da Cantareira, num movimento contrário ao que deveria ser:  em vez de o verde invadir o urbano, é o urbano que vai invadir, como uma lança, o verde que resta.  OK, publicaram, mas não gostei da editada que deram no começo.  Óbvio que não escrevi "as obras devem ser retomadas".  Mas o importante ficou: lembrar que por mais de 20 anos houve uma luta intensa para que o Rodoanel Norte simplesmente não existisse.  As razões? A luta? Estão elencadas com muitos detalhes no Blog do Rodoanel Norte, aqui.  Foi um trabalho que me consumiu ao longo de anos, do qual me orgulho: registrar a consciência e o esforço de um grupo de pessoas, preocupadas com a cidade e com o planeta.  Mas foi, como sempre é,  Sansão contra Golias, e a obra começou em 12/03/2013.  Ah, claro, depois que todo o concreto foi despejado, como acontece com tantas obras no país, ela parou totalmente. Cinco anos depois, parece que vão retomar. Uma "rodovia dos Imigrantes" cortando transversalmente a Serra da Cantareira, a 12km do marco zero da cidade. Reitero, confiram no Blog, aqui. E ver a forma como o governador literalmente "bateu o martelo", para o leilão de concessão, aqui, sem palavras, eu deixo para cada um avaliar...
No Estadão impresso de hoje, 17/03/23



domingo, 12 de março de 2023

LANCES URBANOS (81)

Era para ser um manifesto, um protesto, porém foi mesmo uma homenagem. Sim, teve manifesto pelo respeito à natureza.  Teve protesto pela atrofia do poder público, que nunca faz o que deveria fazer.  Mas muito mais forte foi a homenagem a dona Nayde Capellano, com a presença de seus filhos, netos e bisnetos.  Na fatídica esquina das ruas Gaivota e Ibijaú, em pleno Moema de IDH tão elevado, onde a vida de dona Nayde foi ceifada pelas águas.  Opa!, pelas águas? Não, não foram as águas as responsáveis por levar essa senhora de forma tão trágica, presa em seu carro submerso.  Fomos nós, pessoas omissas ou irresponsáveis, que vemos nossa cidade afundar e não fazemos nada, tendo poder ou não. Pelo menos comparecemos. Foi um ato bonito, de palavras de esperança, que terminou com orações chamadas pelos familiares.  Sim, ela tinha 88 anos...  Imagine a cicatriz no coração desses filhos e netos e bisnetos. Imagine se fosse você a perder a avó dessa forma tão insólita, tão dolorida...  Muito precisa ser feito, porque a cidade está moribunda.  E aí, como fica isso?

Homenagem com familiares de Nayde Capelano. 
(foto Denise Delfim - Associação V. Mariana)



quinta-feira, 9 de março de 2023

LANCES URBANOS (80)

Ontem, 08 de Março, um dia exemplar: 4h30, dois trens da Linha-15 Prata estão inacreditavelmente no mesmo trilho e batem!  10h30, estou na rua Pedroso Alvarenga e uma moto passa com barulho absurdo.  Um pedestre protege os ouvidos com as mãos.  Pergunto a razão e ele desabafa que não suporta mais o barulho das motos, o que estou chamando de nova pandemia urbana. 14h, uma laje desaba com quatro carros sobre a praça de alimentação de um shopping.  17h, uma mulher morre afogada em seu carro, em um alagamento em pleno Moema. Essa mancha urbana que é a cidade de São Paulo, com 12 milhões de habitantes, que é a Grande São Paulo, com 22 milhões de pessoas, essa mancha urbana é um gigantesco problema de falta de planejamento e gestão, de incompetência administrativa, de ganância capitalista, de insensibilidade social e ambiental... Ontem, 08 de Março, toda essa região gritou, para quem teve ouvidos para ouvir: SOCORRO!

Mancha urbana paulistana


terça-feira, 7 de março de 2023

LANCES URBANOS (79)

Mandei essa cartinha pro Estadão (não saiu), pra Folha (não sei) e pr'O Globo (saiu!).   O que é mais importante? Agraciar mil, 2 mil pessoas por dia numa viagem Rio-SP, ou melhorar a qualidade de vida de 5 milhões de pessoas todos os dias? Questão de prioridade gente! 
Cartinha n´O Globo de 5/3/23


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

SAUDADES... (51)

Comprei esse DVD outro dia em um sebo...  Desde criança, quando minha mãe me levou ao cine Ipiranga para ver Horizonte Perdido, sou fã de Burt Bacharach.  A trilha do filme que popularizou Shangri-lá é dele.  É meu filme mais querido. A música de abertura, aqui, é comum eu acordar com ela na cabeça, me faz um bem danado cantá-la. Outros clássicos incríveis (Raindrops, Close to you) do maestro, aqui.  EUA e Brasil fazem a melhor música do mundo, e Burt Bacharach era o Tom Jobim deles, acho, será que o Ruy Castro concorda comigo?  Partiu ontem, aos 94. Saudades...

Burt Bacharach (1928-2023)



terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

LANCES URBANOS (78)

Eu acredito na recuperação do Centro.  Simplesmente porque todo dia aparece notícia de um empreendimento, de uma iniciativa na região, apesar dela ainda estar tão inóspita.  Falta pouco para a coisa deslanchar: a união da sociedade civil (que precisa se unir e dialogar)  com a prefeitura (sempre burocrática e refratária). Ou seja, aquele pouco que é muito... Mesmo assim eu acredito!

No Estadão impresso de hoje.


quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

UM NOVO TEMPO... (5)

Um lindo presente para São Paulo, no seu aniver de 469 anos:  a frente do Comando Militar do Sudeste livre e desimpedida.  O Sol brilha gostoso no Ibirapuera, na tarde de 25 de Janeiro.  Sigamos em frente, em paz. 
Av. Sgto. Mário Koezel Fº, na tarde de 25 de Janeiro. 


segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

UM NOVO TEMPO... (4)

Passou da hora de reformar o capitalismo.  Mas nunca será tarde enquanto não o fizermos.  

No Estadão impresso de hoje, 23/01/23


domingo, 15 de janeiro de 2023

LENDO.ORG (59)

Precisei fazer 60 pra dizer, pela primeira vez, que um livro vai me acompanhar pela vida inteira.  A biografia de Fernando Pessoa, com 1150 páginas, não tenho a menor pretensão de acabar de ler nos próximos 30 anos... Pra que pressa? Até porque não tem sentido ler a biografia sem, pari passu, ir lendo suas poesias, suas prosas, seus heterônimos...  Quando aposentei, no começo de 2022, decidi dedicar cada ano a um escritor querido, e escolhi Herman Hesse. Pessoa - Uma Biografia, do Richard Zenith (*), facilitou a escolha em 2023: ano do poeta português.  Mas a biografia é pra vida inteira. 

(*) Zenith é norte-americano.  Esse catatau foi escrito em inglês e traduzido!


domingo, 8 de janeiro de 2023

SAUDADES... (50)

Arrisco dizer que aquela seleção mágica de 1982 teria conquistado o título na Espanha, se Roberto Dinamite fosse o titular.  Estava na reserva de Serginho Chulapa, mas pra mim era mais jogador. Dói lembrar o gol que Serginho perdeu contra a Itália, quando ainda estava 0 a 0.  Dinamite não teria desperdiçado, penso.  Também não esqueço dos 5 gols que o cara fez nos 5 a 2 que o seu Vasco meteu exatamente em cima do meu Timão.  Ainda é o maior artilheiro da história do campeonato brasileiro, com 190 gols...  Pra quem gosta de futebol, uma referência na camisa 9.  Se foi aos 68 anos. Saudades...

    Roberto Dinamite (1954 - 2023)
foto: uol.com.br/ reprodução/ Twitter/ Fifa