sexta-feira, 17 de março de 2023

LANCES URBANOS (82)

Pensei que não fossem publicar, afinal o Estadão costuma alinhar com certas causas, por exemplo essa, do Rodoanel Norte cortando o Parque Estadual da Cantareira, num movimento contrário ao que deveria ser:  em vez de o verde invadir o urbano, é o urbano que vai invadir, como uma lança, o verde que resta.  OK, publicaram, mas não gostei da editada que deram no começo.  Óbvio que não escrevi "as obras devem ser retomadas".  Mas o importante ficou: lembrar que por mais de 20 anos houve uma luta intensa para que o Rodoanel Norte simplesmente não existisse.  As razões? A luta? Estão elencadas com muitos detalhes no Blog do Rodoanel Norte, aqui.  Foi um trabalho que me consumiu ao longo de anos, do qual me orgulho: registrar a consciência e o esforço de um grupo de pessoas, preocupadas com a cidade e com o planeta.  Mas foi, como sempre é,  Sansão contra Golias, e a obra começou em 12/03/2013.  Ah, claro, depois que todo o concreto foi despejado, como acontece com tantas obras no país, ela parou totalmente. Cinco anos depois, parece que vão retomar. Uma "rodovia dos Imigrantes" cortando transversalmente a Serra da Cantareira, a 12km do marco zero da cidade. Reitero, confiram no Blog, aqui. E ver a forma como o governador literalmente "bateu o martelo", para o leilão de concessão, aqui, sem palavras, eu deixo para cada um avaliar...
No Estadão impresso de hoje, 17/03/23



domingo, 12 de março de 2023

LANCES URBANOS (81)

Era para ser um manifesto, um protesto, porém foi mesmo uma homenagem. Sim, teve manifesto pelo respeito à natureza.  Teve protesto pela atrofia do poder público, que nunca faz o que deveria fazer.  Mas muito mais forte foi a homenagem a dona Nayde Capellano, com a presença de seus filhos, netos e bisnetos.  Na fatídica esquina das ruas Gaivota e Ibijaú, em pleno Moema de IDH tão elevado, onde a vida de dona Nayde foi ceifada pelas águas.  Opa!, pelas águas? Não, não foram as águas as responsáveis por levar essa senhora de forma tão trágica, presa em seu carro submerso.  Fomos nós, pessoas omissas ou irresponsáveis, que vemos nossa cidade afundar e não fazemos nada, tendo poder ou não. Pelo menos comparecemos. Foi um ato bonito, de palavras de esperança, que terminou com orações chamadas pelos familiares.  Sim, ela tinha 88 anos...  Imagine a cicatriz no coração desses filhos e netos e bisnetos. Imagine se fosse você a perder a avó dessa forma tão insólita, tão dolorida...  Muito precisa ser feito, porque a cidade está moribunda.  E aí, como fica isso?

Homenagem com familiares de Nayde Capelano. 
(foto Denise Delfim - Associação V. Mariana)



quinta-feira, 9 de março de 2023

LANCES URBANOS (80)

Ontem, 08 de Março, um dia exemplar: 4h30, dois trens da Linha-15 Prata estão inacreditavelmente no mesmo trilho e batem!  10h30, estou na rua Pedroso Alvarenga e uma moto passa com barulho absurdo.  Um pedestre protege os ouvidos com as mãos.  Pergunto a razão e ele desabafa que não suporta mais o barulho das motos, o que estou chamando de nova pandemia urbana. 14h, uma laje desaba com quatro carros sobre a praça de alimentação de um shopping.  17h, uma mulher morre afogada em seu carro, em um alagamento em pleno Moema. Essa mancha urbana que é a cidade de São Paulo, com 12 milhões de habitantes, que é a Grande São Paulo, com 22 milhões de pessoas, essa mancha urbana é um gigantesco problema de falta de planejamento e gestão, de incompetência administrativa, de ganância capitalista, de insensibilidade social e ambiental... Ontem, 08 de Março, toda essa região gritou, para quem teve ouvidos para ouvir: SOCORRO!

Mancha urbana paulistana


terça-feira, 7 de março de 2023

LANCES URBANOS (79)

Mandei essa cartinha pro Estadão (não saiu), pra Folha (não sei) e pr'O Globo (saiu!).   O que é mais importante? Agraciar mil, 2 mil pessoas por dia numa viagem Rio-SP, ou melhorar a qualidade de vida de 5 milhões de pessoas todos os dias? Questão de prioridade gente! 
Cartinha n´O Globo de 5/3/23