Li 35 livros em 2023. E você? Por aqui contabilidade encerrada. O que der pra ler agora é lucro... Cabeça cansada de trabalho, de dedicações cívicas... Como diz a Júlia, o aposentado mais agitado do Brasil. Talvez. Quando o cansaço impede de ler mais livros, a coisa está séria. Mas foram 35. Mais que em 2022. Registro na agenda e dou nota. Dos 25 livros de não ficção, a maior nota foi para um comprado em um sebo: Lembranças, de Peter Naumann. Lembranças da infância na Alemanha nazista. Filho de mãe judia e pai cristão, foi poupado mas sofreu em dobro, vendo toda a família materna desaparecer sob o tacão, inclusive a mãe, dor suprema. Nada esqueceu, ao escrever já com 80 anos. Xingou, deu nome aos bois truculentos que pisaram na dignidade humana. E quando acabou a guerra, ele e o pai no lado oriental, saiu o nazismo, entrou a tirania soviética, o refresco foi pequeno... Então a fuga para o Brasil. Tudo contado. Emocionante. Livro da editora Scortecci, Liguei pra lá para saber do autor, fui informado que era uma pessoa muito culta (percebi no livro), e que morreu faz pouco tempo, com 90 anos. Lavou-me a alma. Fundamental resistir a essa visão de mundo rasa, pequena, desumana, que é a dos governos totalitários e tiranos. Que, por incrível que pareça, andam em ronda por aí...
Entre os 25 livros de não ficção lidos no ano, o mais legal. |
Brilhante registro sobre o livro Lembranças e parabéns pela leitura assídua.
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