Em data tão redonda, a pergunta surrada: onde você estava quando Ayrton Senna morreu? Faz 30 anos, que loucura! Existia internet? Celular? Não sei. Outra geração? Talvez. Era 1994. Por certo outro milênio. Senna "do Brasil" foi uma febre crescente, da primeira vitória até o fim. E o cara tinha um carisma curioso. Pra começar, não era afetado, e isso não é pouco! Outro tricampeão, Piquet, era (e é!) um mala sem alça total! Emerson (bi na F1 e campeão na Indy), como grande piloto tinha o carisma de um biscoito vencido. Já Senna era meio gente como a gente, Senna da Silva, paulistano (da popular ZN), corintiano. Tinha um charme simples, uma voz contida, pouco do glamuroso circo da F1. Se não tivesse morrido naquela curva Tamburello canalha, seria aos 64 o cara interessante que parecia ser? Quem vai saber? Ah, aquilo doeu. Eu estava em Poços de Caldas naquele feriado de 1º de Maio. As crianças já brincavam no playground do hotel e eu de pé no quarto, ah, não perco essa largada, ele precisa se recuperar das derrotas no começo da temporada, a mais aguardada de todas, ele com o carro "de outro planeta", o Williams-Renault FW16, mas o alemão papando tudo... Fim de semana maldito: na véspera morreu outro piloto nessa pista. E naquela manhã o Senna não estava legal, estava estranho, as imagens mostraram em close, estava reflexivo, estava tenso, estava sei lá o que. E bota maldição na história: teve batida forte na largada, zoando os astros. Na relargada, quando na 7ª volta o carro desgarrou (teve um enfarto e perdeu a direção?) e chapou o muro a 230 por hora, eu cai sentado na cama, mas como Deus é brasileiro ele vai sair desse carro andando... Deus brasileiro? Esse mito acabou!
1º de Maio de 1994. Senna, meia hora antes do fim... (foto: ayrtonsennavive.blogspot.com) |