sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

LANCES URBANOS (75)

Contatado pela produtora do Jornal da Record, de estalo passei 4 pontos de interesse no largo do Arouche:  O Gato que Ri e o La Casserole, restaurantes há 70 anos no local, a sede da Academia Paulista de Letras e o maravilhoso chichá, árvore centenária que é até verbete do wikipedia (aqui).  Depois puxei da estante Paulo Cursino (São Paulo de Outrora) e Roberto Pompeu de Toledo (A Capital da Solidão) pra lembrar sobre o marechal Arouche Rendon, maior político paulistano na virada do séc. 18 para o 19, que em sua chácara em que plantava 40 mil pés de chá abriu um clarão para os militares treinarem artilharia, que viria a ser depois o Largo do Arouche e o resto é história.  Aí fui pra entrevista no largo mesmo.  Cheguei uma hora antes e rodei pelo pedaço.  A entrevista começou, gravei meia hora e no programa apareci 10 segundos (coisa de jornalismo diário).  No jornal falei espremido entre estatísticas de crimes e cenas de trombadinhas e medo no centro (coisa de Record rsrs).  Enfim, veja a matéria aqui, que abriu o jornal.  Confesso que voltei pra casa otimista.  O Arouche é o extremo do Centro Novo, ainda consegue exalar, pra quem tiver nariz pra buscar, aromas dos "bons tempos": os prédios classudos, as atrações citadas e outras (as floriculturas, os vários brechós com coisinhas muito curiosas - comprei uma caixa da série Ally McBeal por 5 reais! - etc).  O que falta lá, como no centro todo?  Falta o povo voltar. Os desabrigados e nóias se destacam no vazio.  E como o povo vai voltar? Primeiro, tem que passar a pandemia, a economia se recuperar, e os milhares de m2 de escritórios fechados voltarem a ser ocupados.  Mas não basta. O povo não vai voltar antes da sociedade civil se unir a empresas e entidades da região, e articularem junto - eu disse juntos - um projeto planejado, realístico, de intervenção no centro, forçando o paquidérmico poder público a se mexer e participar, tornando aos poucos o centro de novo (e velho) convidativo.  Tá tudo lá.  Acho que dá.

Morro de amores por esse chichá no largo do Arouche.


9 comentários:

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  2. Infelizmente os centros urbanos, principalmente São Paulo, estão abandonados devido a crise econômica, sanitária e com a falta de políticas públicas do atual governo brasileiro.

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  3. Parabéns pela entrevista. Além do conteúdo informativo, você ficou muito bem no vídeo. Tenho certeza que cortaram muito sua fala. Pena.

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  4. Parabéns pela bela visão da cidade de São Paulo, seu bairros e localidades

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  5. Foi bom o seu depoimento, disse tudo em poucos segundos, conforme o contexto da reportagem. Valeu.

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  6. Como eu lhe disse, São Paulo fez o Brasil existir como país. Hoje São Paulo, cada dia mais abandonado, está sendo esquecido culturalmente, socialmente e também esquecido
    de suas raizes, como uma cidade que nasceu da vontade de ser grande na história e de um povo muito trabalhador e empreendedor.

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  7. Ja passei muito por ai...depois da pandemia tudo mudou !

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  8. Excelente matéria. Temos que ressaltar o valor histórico e urbanístico da região central.

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