terça-feira, 28 de abril de 2020

LENDO.ORG (18)

Estou finalizando Viagem ao Redor da Lua, de Julio Verne.  Muito pasmo com a forma visionária com que o escritor mandou três tripulantes à Lua (na verdade ainda não sei se eles vão conseguir alunar), considerando que o romance é de...  1869!  Exatos 100 anos antes do pouso da Apolo 11 no solo lunar, percebo agora!   Conhecimentos científicos  (que não eram poucos à época), elegância e imaginação: o que um romance precisa além disso, pra nos prender?  Bem, com limões e livros, nesse momento, vamos tocando...
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quinta-feira, 23 de abril de 2020

LIXA GROSSA & CIA LTDA (42)


Se não acabarmos com a  indústria do fake news, a indústria do fake news acaba com o Brasil.  O jornalista Eugênio Bucci mostra isso no artigo de hoje, que colei abaixo.  Triste momento que precisa ser superado. 


"Na terça-feira o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito para investigar as manifestações pró-ditadura militar realizadas no domingo. É preciso investigar.
 
É preciso investigar o horror. Domingo foi um dia de horror. Usando a Bandeira Nacional como capa de Zorro por cima de trajes que imitam fardas militares de camuflagem, os circunstantes exigiram medidas exótico-totalitárias, como o fechamento do Congresso e do próprio STF. Contra o horror, o pedido de investigação foi protocolado na segunda-feira, dia 20, pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, que cumpriu seu dever funcional. O Brasil precisa identificar a indústria que está por trás desse pesadelo que vai virando realidade.
 
Todos sabemos que o presidente da República é a cereja podre do bolo infecto. Vestindo uma camisa vermelho-chavista, ele compareceu ao ato em Brasília e discursou diante de faixas que pediam “intervenção militar já”. Ao estrelar a matinê lúgubre, o governante antigoverno segue sua tournê como animador de auditórios macabros e de macabros de auditório.
 
Não obstante, o próprio Bolsonaro não figura como alvo do inquérito. Isso significa que, ao menos por agora, não será oficialmente reconhecido o que já é ululantemente público: que o chefe de Estado patrocina, com seus garganteios perdigotários, a histeria golpista da extrema direita brasileira. Deixemos isso de lado – por enquanto. Não há de ser nada.
 
O que mais conta, neste momento, não é investigar o óbvio comprometimento presidencial, mas descobrir quem atua, e como, no backstage das vivandeiras machistas. O decisivo, agora, é saber com que dinheiro, por meio de que engrenagens de comunicação e com que logística esse movimento se tornou uma empresa bem administrada. Quem financia esse circo que, enquanto bate palmas para aquele tal que deu de declarar “eu sou, realmente, a Constituição”, trabalha para implodir a Constituição federal? Quem gerencia a estratégia? Onde estão os cérebros por detrás dos descerebrados? Estão fora do Brasil?
 
Se não quiser virar geleia, a República precisa decifrar o enigma. Para piorar as coisas, pouca gente ajuda. O presidente da República e as milícias, num coro afinadíssimo, sabotam as políticas sanitárias, chantageando o povo pela reabertura de seus comércios, e ninguém faz nada. As oposições entraram em quarentena moral. É inacreditável. A passividade e a desarticulação das oposições estarrecem. É nesse deserto desolador que a iniciativa de Augusto Aras desponta como o único gesto sério contra o golpismo que bate bumbo. Viva Augusto Aras. Fora ele, só o que temos para protestar contra o anacrônico fascismo vintage são as frases balbuciadas do neoestadista Rodrigo Maia e – ah, sim – a decisão tomada pelo ministro Alexandre de Moraes.
 
Os três pelo menos agiram. Perceberam que não adianta pedir “paciência histórica” e esperar que as instituições tomem as providências. Ora, as instituições são vertebradas por pessoas e, se essas pessoas não agirem com coragem, não haverá como barrar o arbítrio. As pessoas que vertebram as instituições têm de se mexer e, para isso, precisam do clamor organizado das oposições. Ou é isso, ou os fascistinhas de WhatsApp vão levar a melhor.
 
Os fascistinhas de WhatsApp só não levarão a melhor se os crimes sobre os quais se apoiam forem desmascarados. É aí que entram as fake news. Se quisermos de fato desvendar a máquina do golpismo, teremos de entender o nexo entre a indústria clandestina das fake news e o bolsonarismo. Não basta seguir o dinheiro. É preciso seguir as fake news.
 
Em sua decisão, Alexandre de Moraes apontou o rumo. Determinou que se apurem a “existência de organizações e esquemas de financiamento de manifestações contra a democracia e a divulgação em massa de mensagens atentatórias ao regime republicano, bem como as suas formas de gerenciamento, liderança, organização e propagação que visam lesar ou expor a perigo de lesão os direitos fundamentais, a independência dos Poderes instituídos e ao estado democrático de direito, trazendo como consequência o nefasto manto do arbítrio e da ditadura”. Nada mais justo.
 

Agora, finalmente, as fake news entraram na mira certa. Elas são produto de uma indústria organizada, profissionalizada, tecnologicamente bem equipada, que opera por meio de negócios ilícitos e de relações de trabalho clandestinas. Essa indústria, que é criminosa na forma e no conteúdo – como são, não por acaso, as próprias fake news –, turbina a propaganda de ódio e promove a fúria inconstitucional, antidemocrática e antirrepublicana. Essa indústria politiza o debate sobre medicamentos, bombardeia a credibilidade da imprensa, calunia as instituições, desacredita a ciência, enxovalha a universidade, demoniza a arte e fomenta o fanatismo. Ela convence os malucos – alguns dos quais em altos cargos públicos – de que incêndios na Amazônia não existem e de que o vírus é fabricado em aulas de marxismo cultural. Essa indústria milionária é o motor do bolsonarismo. Ou ela vem à luz, ou a treva cobrirá o resto."
Artigo de Eugênio Bucci no Estadão (23/04/2020).  (imagem: reamp.com.br)

quarta-feira, 22 de abril de 2020

35 ANOS

Ontem fez 35 anos que Tancredo Neves morreu. Ele seria o 1º presidente civil após o regime militar.  Coisa louca, ele não tomou posse pois foi internado na véspera, 14 de Março de 1985.  Foram 37 dias de agonia, até que em 21 de Abril - data simbólica, foi noticiada sua morte.  Tomou posse Sarney. O que seria diferente se o mineiríssimo Tancredo tivesse assumido?  Não sei.  Os historiadores que o digam.  A data ia passando batida, mas aconteceu uma coisa curiosa: conversando com um primo, cuja família tem fazenda em Belisário, Minas Gerais, procurei por informações sobre esse lugarejo e encontrei o simpático e ativo blog Em Belisário - MG, e lá vi postagem sobre os 35 anos sem Tancredo Neves (leia aqui).  O blogueiro conta que chorou no dia.  Confesso que também chorei, o clima estava muito comocional.  Vínhamos da luta das Diretas Já!...  Bem, um dia passo por Belisário, escondido na divisa com o Rio.
Foto: blog Em Belisário - MG

sexta-feira, 17 de abril de 2020

LENDO.ORG (17)

Gostoso ouvir que ler faz bem pra saúde. O dr. Peter Liu diz isso, aqui.  Há quase um mês sedentário, é bom saber que estou saudável!  E você,  já escolheu o seu livro de ficção pra atravessar a quarentena? 
Ler oferece benefícios físicos e mentais, segundo o dr. Peter Liu. 

quinta-feira, 16 de abril de 2020

LIXA GROSSA & CIA LTDA (41)

Aquele Brasil que, apesar dos pesares, dava orgulho...  onde foi parar?
No Estadão impresso de hoje, 16/04/20

quarta-feira, 15 de abril de 2020

LIXA GROSSA & CIA LTDA (40)

Texto primoroso de Sérgio Fausto, sobre a liderança que nos falta.  No Estadão o texto está aqui.  Como muitos não conseguem abrir, copiei abaixo. 


QUALIDADES DE LIDERANÇA QUE O MOMENTO EXIGE

Tempos de crise servem de campo de teste para as lideranças. 
Em todo o mundo, os governantes estão diante de um enorme e complexo desafio. Comandam uma batalha em duas frentes, sanitária e socioeconômica, em terreno pouco conhecido. Jamais a humanidade viveu uma pandemia num mundo tão interconectado e exposto a rumores e teorias da conspiração, tampouco uma crise econômica deflagrada por uma emergência sanitária que imponha tamanha restrição à produção e ao consumo. Como se fosse pouco, o inimigo é invisível e, por ora, apenas pode ser contido, não derrotado. A guerra será longa, com muitas fases e batalhas.
O desafio consiste em tomar decisões que atendam da melhor maneira possível ao duplo objetivo, nesta ordem, de reduzir as mortes e a contração econômica produzidas pela disseminação do novo coronavírus. Trata-se não apenas de tomar decisões e reavaliá-las, à luz dos dados sobre o desenrolar nas duas frentes da batalha, mas também de obter a adesão de empresas, famílias e pessoas para que as decisões tomadas possam surtir o efeito pretendido. Para isso é fundamental que a sociedade esteja convencida da correção das ações governamentais, ainda que, em última instância, o Estado possa valer-se de medidas coercitivas para implantá-las. 
Como há vários e conflituosos interesses convivendo em sociedade, a liderança política, em especial nos países democráticos, precisa produzir convergência (ela não surgirá espontaneamente, ao contrário) em torno de uma estratégia de combate que mobilize recursos para proteger os setores sociais mais vulneráveis e os elos mais débeis das cadeias de produção e distribuição de bens e serviços básicos. Deve apelar a valores que unifiquem momentaneamente a sociedade e reforcem mecanismos de cooperação e solidariedade social. Sendo o inimigo um patógeno, cabe à liderança política basear suas decisões no melhor conhecimento das ciências médicas sobre a doença e suas formas de contágio. Mas como a pandemia tem efeitos e implicações socioeconômicas amplos, é preciso mobilizar várias áreas do conhecimento. À liderança política incumbe tanto promover o esforço interdisciplinar para dar base sólida ao processo decisório quanto traduzir em linguagem acessível ao cidadão comum as razões das decisões tomadas. Para não falar no dever mínimo de não propagar fake news. 
A emergência sanitária e socioeconômica exige uma combinação de qualidades que não se encontra com frequência. Requer que políticos se elevem à condição de estadistas, quase da noite para o dia. Tem melhores condições de se erguer à altura do momento quem reúne um conjunto de qualidades: capacidade de acompanhar raciocínios científicos e compreensão de problemas complexos (para os quais há sempre uma resposta simples que está errada); inteligência estratégica para determinar ações congruentes no tempo e no espaço; ampla habilidade de articulação política e interlocução social, para aumentar a eficácia das políticas públicas e corrigi-las ou ajustá-las sem alvoroço e intranquilidade quando necessário; e, por último, mas não menos importante, empatia pelas diversas formas de sofrimento físico e psíquico por que estão passando as pessoas, em especial as mais vulneráveis. 
Agora e no futuro previsível, a estatura das lideranças políticas será medida pela demonstração concreta que tenham dado (ou não) dessas qualidades em decisões tomadas no calor da hora diante de dilemas críticos e inter-relacionados. Por exemplo: quando e sob que condições transitar de uma a outra abordagem da emergência sanitária (seja para radicalizar, seja para amenizar as medidas restritivas a atividades econômicas e à circulação de pessoas)? Até onde expandir o gasto e a dívida pública para suprir a renda perdida por famílias e empresas?
Além da eficácia das decisões tomadas, as lideranças políticas serão avaliadas pelos valores que despertarem na sociedade. Seria ingênuo descartar a possibilidade de o nacionalismo xenófobo ou o individualismo exacerbado saírem fortalecidos da crise atual. Mas existe uma boa chance de que ao final prevaleça a revalorização da cooperação internacional e da solidariedade social para enfrentar os grandes desafios coletivos da nossa época (a pobreza, a desigualdade social, as mudanças climáticas e as pandemias). 
Não escrevi este artigo para apontar o que antes já era óbvio ululante e agora se tornou dramaticamente claro: o Brasil está muito mal servido na Presidência da República. Seria patético, não fosse trágico, que um homem tão desprovido das qualidades para liderar o Brasil, em particular neste momento, esteja hoje ocupando o máximo cargo político do País. 
Felizmente o Brasil, com suas outras lideranças, suas instituições, suas organizações da sociedade, sua gente, é bem maior e melhor do que Bolsonaro. Não há mal que sempre dure. Agora se trata de conter o imenso dano que ele pode causar. Em 2022, de evitar que a história se repita como tragédia.
Sérgio Fausto é cientista político, diretor geral da Fundação FHC. 
Liderança.  (foto: blog.ipog.edu.br)


sábado, 11 de abril de 2020

A HORA DA VERDADE

Acabo de cruzar com uma grande carreata na rua Vergueiro, na altura da estação Ana Rosa do metrô.  Tinha até caminhões buzinando, usurpando as cores da bandeira brasileira e com faixas de Fora Doria! (matéria aqui.) Ou seja, estão politizando sobre a pandemia que avança em todo o planeta.  Continuam reforçando a aposta de que se trata de uma gripezinha. Os dados estão lançados.  A hora da verdade está chegando, e os hospitais de campanha em São Paulo vão dizer.  Se ficarem vazios, o governador terá o que explicar.  Mas se eles lotarem, e forem insuficientes, o presidente precisará ser retirado do cargo imediatamente pelas vias democráticas, porque com milhares de vida não se tripudia!
(foto: iquilibrio.com) 



quinta-feira, 9 de abril de 2020

LENDO.ORG (16)

Os livros chegaram e não tem nada a ver com a pandemia. Faz tempo que não perdoo livro com 50% de desconto.  Lembro quando fechou a livraria Freitas Bastos, na rua XV de Novembro, em 1996. Subia-se numas passarelas muito altas para encontrar os livros que iam desaparecendo na livraria que também desaparecia...  Antes disso, na rua Iaiá, uma livraria então moderna, que não deu certo, liquidando...  A livraria Duas Cidades, na rua Bento Freitas, encerrou com uma procissão solene de leitores lotando as duas salas, silenciosamente comprando os livros na baciada, uma livraria histórica, porém moribunda.  E outras.  Depois as feiras de livros...  Fui numa das primeiras da USP, ainda vazia, acho que no prédio da Geografia.  Hoje é um colosso, está na 21ª edição, milhares de pessoas...  E agora é a vez das editoras diretamente, pela internet, como a Martins Fontes, aqui.  Se não lermos ao menos um livro agora, não lemos nunca mais!

sexta-feira, 3 de abril de 2020

OUTROS TEMPOS...

Há 50 anos, quando eu era criança, a turma do prédio na av. 9 de Julho "vandalizava".  Quer dizer, não parava nos apartamentos, corria o prédio todo com as mais diversas brincadeiras e atividades.  Hoje nem sabemos se tem crianças no prédio...  Me surpreendi com tantos sapatinhos na porta do apto 12...