Comecei um novo romance. Tem decisões que são sábias. Faz uns 5 anos, decidi sempre estar com um romance em leitura, e assim tem sido. O anterior levou 2 meses, um catatau não se digere rápido. E me surpreendeu, romance brasileiro recente não costuma ter aqueeeela profundidade. Com 500 páginas, fui fundo! rsrs. Mas confesso que no final tava de olhinho espichado pro Ishiguro que comprei na saideira da Livraria do Brooklin. Ah, a paz que o Nobel de 2017 entrega é muito necessária nesses nossos dias cornucópicos. Tem um ritmo suave que acalenta. E logo no começo o personagem dizer: "os do mal são espertos demais para o cidadão honrado", ah ah, me colocou um sorriso na cara. Me lembrou Hesse: "O mal surge sempre lá, onde o amor não alcança". Se aquele Nobel, que adoro, me faz sorrir, esse, de 1946, me faz chorar. Por isso amo Hesse e tudo que me faz chorar... aquele choro feliz, obviamente. O choro de tristeza dispenso. Mas estamos em Agosto. Quando éramos órfãos é o 10º livro de ficção no ano. Dou nota, vai ser difícil decidir qual o romance de 2025... Ah ah ah, se toda decisão fosse molezinha assim... Outra mais complicada é saber quando começar a vestir a carapuça do chato, e sair pregando contra aquelas (!) personificações do mal à nossa volta. O mal é feito por gente má, acho. Mas deixa isso mais pra frente, agora o que importa são os tais metais de terras raras que estão dando o que falar, não na geologia, mas na geopolítica: lantânio, cério, hólmio, neodímio, promécio, disprósio, tem até gadolínio!, listados aqui. Riu? E Ninosdileno, Lucivagno, Oêmio, Frankilândia, Ublaudo, Naziozeno, Éblica, Abistelândio, Franso e Dantchesco? Alguns (a lista é grande, quer?) dos nomes próprios curiosos que conheci pessoalmente, ao longo de 40 anos diligenciando, como muitos sabem, pelas periferias da cidade... Rir sim, pra não chorar com o grafite clicado na passarela do Ibira. Premonitório? 26 tá logo ali...
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Cliquei esse grafite no pilar da passarela do Ibira. É, minha gente... |
Frankilândia é o lugar onde ficam as fãs do cantor Frank Aguiar?
ResponderExcluirPela idade, talvez os pais fossem grandes fãs do Frank Sinatra, vai saber... Valeu Geraldo!
ExcluirEsse Naziozeno tá muito bem inventado pelo senhor, se não é invenção, alguém se apoiou no Naziazeno, personagem do Ratos, do Dyonélio Machado. E esse romanção que vc leu, qual foi?
ResponderExcluirNenhum nome inventado, prezado anônimo. E você deu a dica, deve ter sido inspirado nesse personagem do Dyonélio... O "romanção" é O Halo Âmbar, de Fernando Dourado Filho. Saga de 3 gerações de uma família de judeus húngaros no Brasil. Recomendo essas 500 páginas rsrs.
ExcluirE ótimo texto, seu Edu!
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ExcluirObrigado querido anônimo!
Depois que me aposentei, leio dois ao mesmo tempo: no momento, um do Haruki Murakami e um do Roman Gary
ResponderExcluirQual do Murakami? Bem, duas ficções ao mesmo tempo, acho confuso. Será que dá? rsrs. Obrigado prezado anônimo.
ExcluirTive minha fase "Dan Brown". Li todos; agora, não julgo mais ninguém. rs
ResponderExcluirO Dan vendeu horrores do Código DaVinci ne? Parece que pegou o veio e lançou vários depois. Realmente, é de ocupar uns anos lendo. Estou pensando em dedicar 2026 exclusivamente a Hesse. Não sei se consigo. Abração Jeff!
ExcluirFiquei curiosa sobre qual livro do Ishiguro essa crônica está se referindo. Ou era uma menção ao autor e todos os seus livros?
ResponderExcluirEstou na metade do Quando Éramos Jovens, quarto livro do Kazuo Ishiguro que leio. O primeiro foi o famoso Vestígios do Dia, que virou filme de sucesso. Ele tem um ritmo muito especial, com idas e vindas no tempo da memória, e com suavidade. Adoro! Obrigado Beth!
ExcluirEu que agradeço, Britto!
ResponderExcluirEstou terminando O mago, do Fernando Moraes sobre o Paulo Coelho… E me aguarda a trilogia sobre o Getúlio do Lira Neto... Um certo apego à ficção feita com fatos… Abraço
ResponderExcluirOs livros de ficção histórica são muito saborosos! Li um clássico neste ano: Ivanhoe. Te coloca no tempo da Cruzadas, as disputas de saxões e normandos, muito legal. Abração Roberto!
ExcluirDo Hesse pulei o mais famoso, ficando Só com o Sidarta e o Jogo das Contas de Vidro.. Do lobo, só o Steppenwolf mesmo.(Born to be Wii-a+a-ld)
ResponderExcluirQuerido primo Ricardo. O primeiro que li do alemão, Sob as Rodas, me impulsionou para os demais. O que mais me emocionou foi Narciso e Goldmund. Sidarta é muito especial. E por aí vai. Abraços a JF!
ExcluirUma frase me pegou: "O mal é feito por gente má". Olha mil devaneios a girar na minha mente: mas a maioria das pessoas é má? Por quê parece que o mal impera? Rousseau estava certo? O q era sociedade para ele? O conjunto da cultura humana ou o sistema de produção q não tem cara nem coração?
ResponderExcluirA maldade tb está na falta de coragem, na omissão? Ou a maldade se aproveita da situação de estresse contínuo do trabalhador que precisa destinar seu tempo pra sobrevivência e não pode se dar ao luxo de agir de outra forma, enquanto os seres maus e malas têm tempo de sobra? Enfim, pesquisa e devaneios pro dia...
Não Rosalia! Definitivamente os maus não são maioria. Basta olhar em volta em qualquer momento, em qualquer lugar. É raro encontrar pessoas más. Mas... elas existem, e estamos tendo exemplos claros. É só seguir a ganância por poder e dinheiro. São explícitos, deturpados que são. Enquanto isso nós todos, precisando destinar nosso tempo pra sobrevivência, como você bem disse... Nos omitimos? Não sei... Não somos super-heróis... Mas vamos nos aprimorando, entre "devaneios e pesquisas", ne Rosalia? Obrigado!
ExcluirTambém adoro Hermann Hesse! O Lobo da Estepe, Demian, Sidarta, Knulp, Peter Camenzind...quantos livros impactantes. Naquela famosa entrevista dada ao Júlio Lerner, a Clarice Lispector falou sobre o fascínio que a leitura de O Lobo da Estepe lhe causou. Está na minha lista de livros da vida! Abraços, Britto!
ResponderExcluirQue beleza Felipe! Acho que é em Knulp que, no prefácio, o poeta da periferia Ferréz relata que Hesse "salvou a vida" dele, ao apresentar uma nova abordagem de mundo. É um escritor que revela mundos! Abração!
ExcluirExatamente! Tenho essa edição com prefácio do Ferréz e ele comenta isso mesmo.
ExcluirComplementando, meu amigo: é impressionante o alcance da obra do Hesse! Chegou ao Capão e mudou vidas por lá tbm.
ResponderExcluirÓtimo texto. Grande abraço!
ResponderExcluirPuxa Silveira, obrigado! Lembranças a São Bento do Sapucaí!
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