quarta-feira, 21 de agosto de 2024

LANCES URBANOS (97)

Hoje o Parque do Ibirapuera completa 70 anos. Por que em 21 de Agosto e não em 25 de Janeiro quando, lá em 1954, nossa São Paulo celebrou festivamente 400 anos? Não sei. Mas sei: quem não tem lembranças no Ibira, bom paulistano não é. Nessa foto estou nele, com 16 anos. O parque era jovenzinho, meros 25. Fez as contas? 1979. É. Eu e os Country Boys, marcando presença na história do skate paulistano (e por extensão brasileiro). Quem sou eu na foto?, brinco de perguntar. Meio óbvio (acho) mas nem todos acertam (como é o mundo!). Às costas está o MAM, mas essa parede não existe mais, faz tempo que o museu tem uma fachada toda de vidro (faz sentido), na tradicional marquise que está fechada há anos. Triste ver a poeira acumulando na extensa área que é um abrigo glorioso aos frequentadores quando chove, possivelmente o marco principal do desenho que Niemeyer deu ao parque. Ele foi concedido (há quem ame, há quem odeie isso) e a marquise continua lá, vergonhosamente abandonada. Enfim, tenho para mim que o Ibira encolheu. É que tenho saudades de quando o parcão ficava meio vazio, tranquilo, nos dias de semana (frequentei-o diariamente entre 78 e 81). Hoje nos dias de semana está cheio, e aos Domingos estruba, é inviável frequentar. Sei, claro que ele não encolheu. Só que nesses 70 anos a população da cidade quadruplicou, e ele ficou o mesmo, o parque referência da cidade. Falar mal do Ibirapuera não tem cabimento. No dia do seu aniver então, nem pensar. Mas ele não ficaria quase inviável de cheio, nos fins de semana, se a cidade tivesse mais parques, no centro e na periferia. Tadinho, estão exigindo demais do Ibira setentão. Concedido então (shows, leds, merchandising), nem se fala.

No Ibira, em 1979. 




domingo, 11 de agosto de 2024

LANCES URBANOS (96)

Quem circulava pelo centro nos anos 70 e 80 lembrará de dois prédios icônicos: o Mappin e o São Vito. O primeiro era o paraíso, para não dizer o castelo encantado, das compras. O outro - extremo oposto - era o maior treme-treme da cidade, com milhares de moradores em um prédio de 27 andares, em condições precaríssimas.  Mappin e São Vito, os dois não existem mais. Porém seus fantasmas, hoje, estão ligados umbelicalmente, e vão renascer juntos, numa muito curiosa transformação.  

O antigo Mappin vai ser a sede administrativa do SESC SP

O enorme prédio do Mappin está total em obras pra ser a nova sede administrativa do SESC SP.  E no terreno do edifício São Vito, demolido em 2011, na porta do Brás, está surgindo uma nova unidade do mesmo SESC. A distância entre essas novidades é de menos de um quilômetro. Entre esses dois pontos, estão evidentes todas as mazelas sociais e urbanas que o centro viu surgir e crescer nos últimos 40 anos.  Só que... só que agora tem isso:  o SESC SP investindo forte, trazendo sua sede para o centro. Essa tremenda força indutora, ao lado de tantas coisas que já surgem no centro velho e no centro novo, e de tanta vontade acumulada de ver o centro ressurgir, renascer, resplandecer, não é de dar esperança na gente? Daí a importância de pensar bem no voto, daqui a menos de dois meses.

Onde havia o São Vito, vai surgindo uma nova unidade do SESC SP