quinta-feira, 30 de maio de 2024
E AÍ? (2)
terça-feira, 21 de maio de 2024
NÃO É POR AÍ... (98)
Centro de Veranópolis. A uns 40 km de Bento Gonçalves pela estrada normal, via ponte dos Arcos. Agora são uns 80 km, a ponte está interditada com os desmoronamentos causados pelo rio das Antas. Em 2022, quando estive lá com as filhas, apesar de tantas cidades no entorno de Bento, só tinha certeza de querer conhecer uma: Veranópolis. Não por ter a maior média de longevidade do Brasil (diz a Wikipedia). Isso eu já sabia há muito. O que eu soube depois, e me fez ir até lá, é que é a terra natal de um dos jogadores mais queridos que já vestiram o manto alvinegro em seus 114 anos: o goleiro Cássio. Coisa de fanático? Não, que ser fanático depois dos 40 é papelão. Um simples reconhecimento pelos serviços prestados. Um ditado alemão diz que o futebol é a coisa mais importante entre as coisas menos importantes. Claro que muito mais importante, dramático, é a situação dos irmãos e irmãs gaúchos nesse momento. São centenas de UBSs, de escolas, são milhares de casas, patrimônios, histórias, lembranças, abaladas ou definitivamente perdidas. O futebol tem a sua importância relativa, tem que se dobrar ao que é maior, demorou mas a CBF suspendeu por 15 dias as partidas de futebol da série A. Nada mais sensato. Inter e Grêmio ainda estão sem os seus estádios. Não sei como está a cabeça do Cássio quanto a isso, a família vive em Veranópolis. Jogou no Grêmio antes de ir fazer a glória no Timão. Todos nós corintianos estamos tristes com a forma que ele está deixando o clube depois de 13 anos, tão perto da aposentadoria. Sai pela porta dos fundos. Ou, se sai pela frente, é na calada da noite, sem carinho, sem homenagens. Qual o drama?, dirão, é um cara rico, deixou uma história no time, vida que segue. Sim, nesse paisinho subdesenvolvido do KCT, a vida segue assim, sem reconhecimento, sem prevenção. Não é por aí...
Centro de Veranópolis, 08/2022. |
quarta-feira, 8 de maio de 2024
E AÍ?
Minha filha mora em Bento Gonçalves. Sommelier, há 3 anos mudou para a "capital brasileira do vinho". Queridos e queridas perguntam como ela está. Respiro fundo e penso em como ser sintético. O principal: ela está bem. Mora na área urbana de Bento, que felizmente é distante dos cursos d´água (esse é o ponto!), foi pouco afetada diretamente. Agora, o ser analítico. Quando estive lá em 2022 fui (com as duas filhas, momento sublime) almoçar em Nova Pádua, a 50 km de Bento, em um restaurante-mirante. Ficamos pasmos com a profundidade do vale do rio das Antas. Já à época eu (que sempre amei mapas e geografia) pensava como seria aquele vale profundo com um grande volume de águas. Agora acho que não queria ver... O fato é: esse ponto do rio das Antas está a 120 km do Porto Alegre. Até chegar na capital esse rio entra no Taquari, que entra no Jacuí, que entra a Leste, frondoso, no Guaíba, beirando a capital. O googlemaps mostra o caminho com clareza. Só que nesses 120 km veio trazendo, agora, as águas de uma tempestade descomunal (que tempestade foi essa que cobriu um estado??), acumulando volumes de água impressionantes, que ao passar por Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Estrela, Encantado, plácidas cidades ribeirinhas, entre tantas outras, foi destruindo tudo com a força da gravidade aquática acumulada. Sem contar as outras bacias! E tudo chega, águas destroços, e estaciona no rio Guaíba, que nem é um rio, é uma gigantesca lagoa, um dos mais belos pores-do-Sol do Brasil, em Porto Alegre. Teve Petrópolis (2 vezes), teve São Sebastião... e quando for a vez de São Paulo? A Cantareira ocupada sustenta? Claro que não. O Tietê velho de guerra aguenta? Claro que não. E aí? Quanto é culpa da natureza? Quanto é culpa dos homens e seus governos? Quanto é culpa de Deus? Distribua aí a culpa e arregace as mangas.
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Rio das Antas em Nova Pádua, a 120 km de Porto Alegre. |