terça-feira, 29 de dezembro de 2020

LENDO.ORG (25)

Qual seu clássico preferido?  Um romance, um autor...  Neste ano o meu foi Frankenstein, de Mary Shelley.  No momento estou vidrado em Herman Hesse, querendo passar todo 2021 lendo seus romances.  Matéria no Estadão mostrou pré-adolescentes e jovens que acordam já dispostos a abrir um clássico: Kafka, Jorge Amado, Agatha Christie...   Assim que é bom!  Um livro por dia: nem sabe o bem que lhe fazia...  Adoro essa frase!
No Estadão de 28/12/20


sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

LENDO.ORG (24)

Li 25 livros neste ano. Sei porque anoto o dia em que termino, o autor, a editora e, aí é que são elas, a avaliação de cada um. Nota mais alta para o que me emociona mais. Esses dois tiraram 9,5.  Um é monstruoso de bom. Frankenstein, de Mary Shelley.  Como ela pôde escrever essa obra-prima com apenas 19 anos? Um tratado sobre a soberba humana, que pode levar à destruição.  Mas também sobre o amor.  Um livro profundamente humano. Recomendo demais.  O outro encontrei em um sebo na Penha.  R$ 5,00. Peguei na hora, lembrando do filme que possivelmente mais assisti na vida:  Horizonte Perdido, de James Hilton. Foi difícil ler sem ambientar as páginas do livro nas cenas do filme...  Enfim, um faz jus ao outro. Basta dizer que esse romance criou a idílica cidade de Shangri-lá, no Tibete remoto, onde se pode viver 200 anos, com saúde de 40, desde que...  bem, leia o livro pra saber. Boas Festas!



sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

LENDO.ORG (23)

Quem hoje sai da mesa ou da poltrona para buscar na prateleira um dicionário de papel? Por que buscar aquele catatau de 3 quilos e perder, desajeitadamente, um minuto ou dois só pra encontrar a palavra desejada, se hoje o celular pesa 50 gramas, e o tempo para achar "exceção" ou "fleuma" é de... 3 segundos!?  . Bem, não estando essa facilidade disponível para a humanidade de 20 anos para trás, o Dicionário Aurélio vendeu, só ele, 15 milhões de exemplares, número retumbante nunca antes ou depois alcançado pela indústria editorial brasileira.  Sempre tive um Aurélio por perto, desde 1975, quando saiu a 1ª edição.  Parece até que já estava antes, de tanto que era um utensílio necessário em casa, como um liquidificador ou um secador de cabelos...  Minha mãe usava muito essas três coisas. Eu só o Aurélio...  Por isso quando soube do lançamento do Por Trás das Palavras, de Cezar Motta, com a história da gestação e parto do dicionário, entrei na hora no site da editora, comprei, chegou, devorei em três dias.  E que história! Com direito a rasteiras e ações judiciais.  O Aurélio era um gênio filológico, mas também era muito esperto. Espertinho, sabe? Talvez o nome mais correto para a obra fosse Novo Dicionário Aurélio - Campelo da Língua Portuguesa.  Mas não foi. Os bastidores dessa saga estão neste livro saboroso.  Recomendo. 


quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

LANCES URBANOS (60)

Só nos piores pesadelos rolaria a proposta de transformar o Ginásio do Ibirapuera em um shopping center, além da destruição da pista de atletismo e a eliminação das piscinas olímpicas. Mas é o que está acontecendo na realidade (aqui). Inacreditável! Essa cartinha saiu no Estadão impresso de hoje. Está marcado um abraço no Ginásio nesse Domingo, dia 06, às 9h. Com todos os cuidados e máscaras, vamos lá protestar contra esse insulto!

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

SAUDADES... (42)

Guardo essa foto há 30 anos. Foi uma jogada linda do gênio. Copa de 90.  Maradona manda o Brasil para o espaço. Passa por três brasileiros como um relâmpago, como um chicote ardido,  e no instante da foto enfia para Cannigia finalizar, Argentina 1 Brasil 0. Um dos gols mais lindos que vi.  Dos que vi jogar, o maior.  Estou triste pra cacete!

Diego Armando Maradona (1960 - 2020)


segunda-feira, 19 de outubro de 2020

LENDO.ORG (22)

Nunca pensei que gostar de ler pudesse ter contra-indicação, mas estava enganado, vejam só... 



quinta-feira, 8 de outubro de 2020

SAUDADES... (41)

Faz cinco dias que se foi Zuza Homem de Mello...   Não fiz essa postagem antes por pura correria.  Na verdade quase desistia, mas bastava ouvir sua voz em uma das tantas homenagens que até hoje fazem,  ou ver uma foto sua, pronto, eu dizia que tinha a obrigação de postar, simplesmente porque a voz do Zuza é inconfundível, porque seu conhecimento da MPB é super-profundo e a forma de transmitir, super-popular, como nossa melhor música.  Além diz, em quase todas as fotos ele aparece sorrindo...  Meu sonho de consumo:  estar sempre sorrindo, transmitindo conhecimentos.  A gente sabia que sua fala sempre traria uma informação interessante e gostosa de ouvir sobre música.  Zuza, um cara realmente especial...  
Zuza Homem de Mello (1933 - 2020)
(foto: Daniel Teixeira/ Estadão Conteúdo, in g1.globo.com)






segunda-feira, 5 de outubro de 2020

LANCES URBANOS (59)

 "Sem um centro, não existem periferias".  Parece um postulado matemático, não?  Mas foi essa exata frase que o editor da seção de cartas do Estadão cortou.  Tudo bem, o importante é ser publicado rsrs, mas insisto na ideia: as periferias de São Paulo só existem porque um dia, lá atrás, houve um centro digno, referência.  Hoje o centro está abandonado, para não dizer destruído. E no debate nenhum candidato citou o centro.  Que lástima!

Cartinha no jornal impresso de 03/10/2020



quinta-feira, 1 de outubro de 2020

SAUDADES... (40)

Verdade que Mafalda já nasceu grandinha mas, de todo modo, temos a mesma idade, somos de 1963.  E se o pai dela, Quino, nasceu em Julho de 1932, meus pais são de Maio e Outubro do mesmo ano.  Sei que essas coincidências, se dizem muito para mim, certamente não significam nada para quem lê, mas não resisti contar, desculpem. Tenho o Toda Mafalda, mas procurando encontrei antes a publicação Gente, com quadrinhos e cartuns mostrando que Quino não era só a Mafalda não... Ele se foi ontem, deixando fãs no mundo inteiro...
Quino (1932-2020)




sábado, 26 de setembro de 2020

LIXA GROSSA & CIA LTDA (52)

Vamos combinar que faltava rolar na grande imprensa uma pequena chacoalhada, pra fazer lembrar e relembrar o triste momento sócio-político que o país atravessa.  A autora dessa singela ousadia foi Carol Solberg, jogadora de vôlei de praia que eu não conhecia, tive o prazer de conhecer e saber, inclusive, que ela é filha da icônica jogadora de vôlei Isabel (por que icônica, aqui). Carol disse isso aqui ao final de uma competição. Olha, eu nunca curti vôlei de praia, mas vou dizer que estou começando a amar!

Carol Solberg
foto Wander Roberto/ InovaFoto/ CBV


domingo, 20 de setembro de 2020

LIXA GROSSA & CIA LTDA (51)

Assinante do Estadão, deu vontade de ler a Folha nesse Domingão. Não troco aquele por este, mas às vezes é legal sentir novos ares, uma abordagem diferente, desde a diagramação até variar os articulistas, que no Domingo são os melhores, creio.  Li a croniquinha do sempre delicioso Ruy Castro, que teve a manha de, ao falar de Dóris Monteiro, me relembrar músicas lindas da infância, como essa aqui.  Li outras coisinhas, e lembrei também que o Folha tem charges.  Olha essa, my God!  Nesse aspecto a Folha ganha: o Estadão não tem charges!
Charge de Jean Galvão na Folha de 20/09/2020



sábado, 12 de setembro de 2020

SAUDADES... (39)

Me formei em Economia há 33 anos, e nesse período oscilei grandes proximidades (fui analista financeiro) e enormes distanciamentos (passei anos sem abrir o caderno de Economia dos jornais) dos affairs dessa atividade.  Porém sempre admirei economistas em que percebesse uma pitada (grande ou pequena) de humanidade.  Afinal, Economia é uma carreira de Humanas, ligada a como concatenar todas as atividades que nós, humanos, inventamos de criar. Trata a Economia de fazer a máquina andar com o maior benefício para toda a sociedade.  Pelo menos esse é o desejo.  E aí é que entra a admiração por Amir Khair.  Seus textos, que lia no Estadão, me cativavam pela preocupação com a busca da melhor atuação econômica pelo Estado.  Taxa de juros elevada, lucros gigantescos dos bancos, dinheirama das reservas cambiais parada no Banco Central, tudo isso o preocupava, pois afetava a vida da população.  Assim um dia o chamei por email para fazer parte do grupo Caros, que toquei por uns anos.  Ele aceitou.  E respondia às mensagens que eu enviava, mostrando um grande caráter.  Foi secretário das Finanças da cidade no governo Erundina. Hoje de manhã dou com a notícia de sua morte (aqui), e fico sinceramente chateado...

Amir Khair (1940-2020)
(foto: Tamna Waqued/ fiesp.com.br)


domingo, 30 de agosto de 2020

LENDO.ORG (21)

Eu não esperava essa notícia triste, apesar de saber que a Cachoeirinha é um dos distritos mais afetados pela pandemia:  o Sebo do Roberto fechou porque a covid levou o Roberto.  Sempre que passava na rua modesta batia os olhos para a casa simples, térrea, que não disfarçava pela varanda haver ali o comércio que eu mais amo: de livros usados. Aquela casa era um sebo, eu descobri há alguns anos.  E por duas vezes entrei, sendo atendido por um senhor meio da minha idade (descobri agora que 5 anos mais velho), firme e honesto.  O sebo ocupa (ainda) a varanda e a sala principal da casa, e foi com alguma insistência que consegui entrar: a sua mulher, Beth, ainda não assimilou a perda do marido para a pandemia, faz poucos meses.  Por uns 30 minutos fiquei ali, oscilando humores, ora ávido de encontrar publicações de interesse (e encontrei algumas), ora cheio de respeito, afinal aquele era o espaço sagrado de trabalho de um homem recém desencarnado (também oscilo entre gostar e repudiar esse verbo). Enfim fiz as duas coisas, reverentemente escolhi 5 livros, mas, surpresa boba, dona Beth disse que Roberto não tinha máquina de cartão.  Disse mais: que ele gostava de vender porque sabia que a pessoa ia ler, e que ele andava feliz, porque estava vendendo bastante livros no começo da pandemia... ia muito à papelaria e ao correio...  puxa vida...   Enfim, eu estava com pouco dinheiro na carteira, deu pra levar um Herman Hesse que já li, adorei, emprestei, e agora vou reler...  minha vida é reler...   Combinei de voltar para levar os outros...   não pretendo barganhar o preço na capa, em respeito ao mercador ausente...  Por enquanto o sebo está ali intocado...  Mas os sebos, pelos mais diversos motivos, estão em extinção...   Meu aceno para o Roberto, também conhecido como Guerra...



quinta-feira, 27 de agosto de 2020

SAUDADES... (38)

Puxa, superficialmente, é difícil dizer que Washington Novaes morreu feliz. Pois é claro que ele se foi com o senso de dever cumprido, pai de quatro filhos, sete netos, jornalista atuante nos maiores veículos do país, como pioneiro na área ambiental,  com muitos prêmios conquistados (aqui) por seus documentários, especialmente sobre os índios desse Brasilzão depauperado...  Conheci mais de perto Novaes através de seus aguardados textos às sextas-feiras no Estadão, sempre sobre meio ambiente, informações bem pesquisadas...  Respondeu a alguns emails que mandei, mostrando presença de espírito...  Ele batalhou muito pela causa ecológica, então, por tudo isso, vê-se que a  felicidade sempre rondou a vida desse homem.  Mesmo assim, como não achar que ele morreu com um boa pitada de tristeza, vendo o descalabro criminoso que impera na área ambiental?...

Washington Novaes (1934 - 2020)
(foto: folha.uol.com.br/TV Anhanguera)



quarta-feira, 26 de agosto de 2020

LANCES URBANOS (58)

Todo o povo que desce a São João, dos dois lados, querendo atravessar o Anhangabaú, dá de cara com os tapumes que cercam a obra no vale . Tendo que contornar, os pedestres são jogados, na altura da praça do Correio, em uma calçada, ou melhor, picada, de pedriscos, apertada entre os tapumes e a via de trânsito.  Já seria bem ruim se, de repente, não surgisse esse obstáculo de foto, obrigando os paulistanos a circular pelo asfalto da rua!  Repito:  todo o povo que desce a São João é jogado para isso aí.  Estava assim na tarde de ontem.  Vi aí a cara da prefeitura da cidade, e o seu respeito com o centro, com os seus moradores.  Ou seja, nenhum!

Na tarde de 25/08/2020. 


sexta-feira, 14 de agosto de 2020

LANCES URBANOS (57)

Ainda causa estranheza, passados 5 meses de pandemia, ver as ruas vazias em um centro empresarial como é a Vila Olímpia.  Essa calçada deserta é a do Shopping Vila Olímpia, em plena quinta-feira, 15h30.  Nos prédios as recepções estão às moscas, com poucos atendentes, movimento mínimo, quase todos trabalhando em home-office.  Fôssemos um país desenvolvido, essa situação seria analisada e o limão viraria uma limonada: haveria um planejamento para melhorar o trânsito e desafogar o transporte público, que é o grande sacrifício diário da população.  E o "novo normal" de uma mobilidade mais digna surgiria, com um novo modelo de trabalho, em parte presencial, com novos horários, em parte home-office. Mas que nada!  Se você pensa em "planejamento", vão dizer: "comunista!". A preguiça e a burrice ditam as regras..

Não é Domingo!  Rua das Olimpíadas às 15h30 de um dia útil. 
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quinta-feira, 13 de agosto de 2020

LENDO.ORG (20)

De cabeça conto 9 sebos no entorno da igreja de São Gonçalo, na praça João Mendes. Ontem entrei no sebo João Batista, que nem placa tem, na esquina das ruas Álvares Machado e Rodrigo Silva.  Entrei atraído pelo cartaz modesto: todos os livros a R$ 10,00. O João Batista foi trazendo livros do meu interesse, cidade de São Paulo, e alguns deles, de verdade, valiam bem mais.  Mas entendi a proposta do atencioso alfarrabista: desovar seus livros sem burocracia, nesses tempos de pandemia de corpo e de mente.  O João Batista trabalhou quase 25 anos no tradicional sebo Brandão.  Depois teve por 5 anos uma banca de usados ali ao lado na praça Carlos Gomes.  Há apenas 2 anos abriu essa lojinha. Sem nenhum traço de comerciante ávido ou espertalhão, pelo contrário, ficou me mostrando umas aquisições especiais que fez, acho que não é toda hora que entra um cliente tão interessado em prosa...  Apesar da pressa, fiquei quase uma hora.  16 livros é fácil saber quanto gastei.  Alguns estão na foto...  Recomendo o João Batista.


quarta-feira, 5 de agosto de 2020

SHOW DE BOLA! (105)

Acho meio vexame ser fanático depois dos 40. Maturidade é poder acrescentar novos pontos de vista às coisas importantes. É ter liberdade de usar roupa verde se quiser; de poder avaliar o jogo do maior adversário - o Verdão, claro, sem preconceitos; de poder escrever Verdão com maiúscula, em respeito aos tantos palmeirenses que conheço. Digo isso pra justificar algo que nada tem de fanatismo, antes, é um ritual bem simples:  quando o Corinthians vai para uma final de campeonato, eu compro uma camiseta nova e assisto o jogo com ela, para dar sorte.  Assim será hoje, comprei a réplica da camiseta do 1º título nacional em 1990. Naquele tempo eu era fanático:  aquela final foi na exata hora em que minha filha tinha uma apresentação na escola, no palco, e toca eu ficar dividido entre a platéia e correr lá pra fora pra saber como estava o jogo. Hoje eu não levantaria da poltrona... só puxaria o celular a cada 5 min para checar o resultado...  o coração sempre será corintiano...

sexta-feira, 31 de julho de 2020

LIXA GROSSA & CIA LTDA (50)

29 de Julho foi um dia triste para a maioria dos corintianos. Ver um ídolo do time levar o manto alvinegro para o presidente (AQUI) foi dolorido.  O ex-jogador mostrou ser oportunista e insensível  Um ídolo de pés de barro. Marcelino Carioca continuará na minha categoria de craque, fez golaços como esse AQUI, um dos mais lindos que já vi.  Porém, com tristeza, retiro o jogador da minha seleção corintiana, que eu tinha escalado AQUI. Foi oportunista ao não pedir autorização da nação corintiana para cometer esse absurdo de procurar o 17 usando o nome do Timão.  E foi sobretudo insensível, de não perceber que a grande maioria dos corintianos é bem chegada numa Democracia, tanto que Democracia Corintiana é outra forma de chamar Corinthians.  Tremendo  desrespeito com muitos corintianos.  Tá fora da minha seleção!  No link acima veja os critérios, a nova seleção corintiana vai de Cássio, Zé Maria, Gamarra, Gil e Wladimir; Ralph, Rincon, Rivellino e Neto; Ronaldo Fenômeno e Tevez. 
Tchau Marcelinho Carioca! (foto: Prisco del Gaiso/Placar, in corinthians.com.br)

quinta-feira, 30 de julho de 2020

quarta-feira, 29 de julho de 2020

LANCES URBANOS (55)

Quero pontuar três absurdos diários no eixo que liga o Centro à Zona Norte: 1 - Na parte interna da av. Tiradentes, próximo à Pinacoteca, duas calçadas enormes ficam ocupadas por mendigos e sem-teto que levam sacos de lixo para revirar, gerando uma sujeira monstruosa. Cadê o setor Assistência Social da prefeitura??  2 - O trânsito medonho todo final de tarde, para quem vai para a ZN!  Leva-se 40, 50 minutos, para andar 2 quilômetros.  Cadê a CET para pensar uma solução de engenharia para os carros à chegada da região da Armênia e para cruzar a av. do Estado?  Qualquer mísero trabalho ali ajudaria muito, mas cadê os engenheiros?? 3 - Coisa menor, mas sintomática: a bandeira esfarrapada da cidade de São Paulo, exatamente na Ponte das Bandeiras.  Faz dias que está assim.   Cadê os subprefeitos?  Cadê a gestão pública dessa cidade?  (E.T.: dois ou três dias depois dessa postagem, uma nova bandeira foi hastada. Acho que valeu a bronca!). 
Ponte das Bandeiras esfarrapada!  Em 28/07/2020

quarta-feira, 22 de julho de 2020

LENDO.ORG (19)

Quem não gosta de ler histórias da São Paulo antiga, escritas por seus moradores?  Pois recomendo muito esse livro Uma Rua Chamada Borboletas Psicodélicas, com mais de 160 crônicas sobre a cidade, escritas pelos participantes do projeto VivaSP, lá no começo dos anos 2000.  Depois de muita luta, o livro saiu. E recomendo não porque quatro dessas crônicas sejam minhas.  É que algumas (não as minhas) são realmente ótimas!   Farão o leitor rir, se emocionar, e conhecer um pouco mais sobre a sua cidade.   Compre na Amazon, ou no site da editora Per Se, AQUI.  Capa simples ou capa dura. Ah, uma coisa bem legal: o livro é impresso por demanda, uma nova tendência editorial. Só fica pronto após a compra.  E com muito boa qualidade,
Compre na Amazon ou direto com a editora Per Se. 

sábado, 18 de julho de 2020

SAUDADES... (37)

Quem não gosta de rádio, bom sujeito não é...  Parodiando o samba de Dorival Caymmi, gosto de rádio desde sempre.  E nesses 57 anos,  o José Paulo de Andrade foi o maior âncora de rádio que eu recorde.  O Pulo do Gato eu ouvi pouco, muito cedo.  Mas aprendi a gostar de sua firmeza e correção no Jornal Gente, às 8h.  Verdade que nos últimos tempos esse jornal ficou meio caretão, mas o Zé Paulo bem que tentava equilibrar as tendências, não deixando exagerar o conservadorismo para o qual tentem as mídias comerciais.   Muita categoria tinha esse são paulino.  Duas curiosidades:  por volta de 1980, 1981, eu frequentava um prédio em que moravam amigos na rua Carlos Sampaio, perto da Paulista. Quem era o famoso que também morava lá?  O Zé Paulo.  A outra curiosidade, para mim que gosto de espelhar datas e idades, é que o Zé Paulo entrou na Bandeirantes no ano em que nasci, 1963, e morreu com a mesma idade que a minha mãe: 78 anos. O covid encontrou nele comorbidades e o levou mais cedo, infelizmente. 
O paulistano José Paulo de Andrade (1942-2020)

quinta-feira, 16 de julho de 2020

LANCES URBANOS (54)

Minha adolescência foi toda entre esse paredão de prédios.  Aí cheguei no meio de 1972, com 9 anos, vindo da rua 25 de Março. O edifício Mantiqueira ficava (fica) nem 100 metros pra frente do posto Shell à esquerda.  Do beliche junto à janela eu passava horas vendo os ônibus e os pedestres nessa 9 de Julho cheia de barulho e histórias.  Essa avenida separa dois bairros importantes: à esquerda a Bela Vista, ou Bixiga, onde peguei a fase final das casas de samba, na Santo Antônio e 13 de Maio, e o começo da fase dos barzinhos, a "Vila Madalena" dos anos 1980.. À direita a Consolação, para onde ia à Escola Estadual Marina Cintra, onde fiz o ginásio. Nessa curva fui atropelado em 1977, passei o 7 de Setembro em coma no Servidor Público, mas superei com muitos presentes e o carinho dos colegas do Caetano de Campos, onde iniciava o Colegial. Cada prédio desses traz uma lembrança... Daí mudei aos 19 anos, mas a marca já estava registrada...
Av. 9 de Julho na década de 1970. (foto: grupo AMO SP do Face)

segunda-feira, 6 de julho de 2020

LIXA GROSSA & CIA LTDA (49)

Quem acompanha a Fórmula 1 sabe os perrengues para deixar uma pista com "padrão FIFA", e os custos estratosféricos para isso.  A cidade de São Paulo já gasta milhões de US$ para deixar Interlagos nesse padrão.  Assim, trata-se de um desrespeito e uma enorme cretinice o governo federal insistir em apoiar a mudança da corrida para o Rio de Janeiro, para um autódromo que não existe, em um terreno no bairro de Deodoro que é um enorme matagal.  E querem a corrida em 2021!!  (aqui). Tudo isso no bojo da pandemia e no meio da falência financeira da cidade carioca.  É mais um verbete na enciclopédia de cretinices desse (des)governo.  Taí na minha cartinha do Estadão de ontem. 
No Estadão impresso de 05/07/2020

sábado, 30 de maio de 2020

LIXA GROSSA & CIA LTDA (48)

Leia e assine  AQUI o manifesto #JUNTOS, para trazer de volta a alegria e o orgulho de ser brasileiro. 
Página inteira no Estadão de 30/05/2020



quinta-feira, 28 de maio de 2020

LIXA GROSSA & CIA LTDA (47)

As perguntas mais fundamentais. Eu queria ter escrito essa cartinha, ela mostra o país doente em que nos tornamos.   Ou querem nos tornar.  Parabéns para o José Tadeu Gobbi. Eu amei essa cartinha!
Cartinha no Estadão impresso desta semana.

domingo, 24 de maio de 2020

SHOW DE BOLA! (104)

No epicentro, Sapopemba é o 2º distrito mais atingido, 179 óbitos.  Com todo cuidado fui até lá cumprir a missão semanal. Compras, almoço tranquilo, tudo bem com meu pai que, aos 87, mora sozinho naquela lonjura.  Na volta, ouvindo um Yes alto no cdplayer, dei com essa cena.  Resultado: me enchi de esperança por dias melhores para todos nós nesse Brasilzão que vai sobreviver aos vírus. 
Av. Luis Inácio de Anhaia Melo hoje, às 17h15. 

sábado, 23 de maio de 2020

LIXA GROSSA & CIA LTDA (46)

O que mais me impressionou no vídeo da reunião foi a lógica invertida do presidente:  para ele os desarmamentistas querem o povo sem armas, para poderem impor a sua "respectiva ditadura".  Já o presidente quer todo o povo armado, para que a ditadura não possa ser imposta. Ô loco!  O texto completo da reunião está AQUI.  Abaixo, a parte do "armamentismo". 

O que esses filha de uma égua quer, ô Weintraub, é a nossa liberdade. Olha, eu tô, como é fácil impor uma ditadura no Brasil. Como é fácil. O povo tá dentro de casa. Por isso que eu quero, ministro da Justiça e ministro da Defesa, que o povo se arme! Que é a garantia que não vai ter um filho da puta aparecer pra impor uma ditadura aqui! Que é fácil impor uma ditadura! Facílimo! Um bosta de um prefeito faz um bosta de um decreto, algema, e deixa todo mundo dentro de casa. Se tivesse armado, ia pra rua. E se eu fosse ditador, né? Eu queria desarmar a população, como todos fizeram no passado quando queriam, antes de impor a sua respectiva ditadura. Aí, que é a demonstração nossa, eu peço ao Fernando e ao Moro que, por favor, assine essa portaria hoje que eu quero dar um puta de um recado pra esses bosta! Por que que eu tô armando o povo? Porque eu não quero uma ditadura! E não da pra segurar mais! Não é? Não dá pra segurar mais.

E nÉ. Quem não aceitar a minha, as minhas bandeiras, Damares: família, Deus, Brasil, armamento, liberdade de expressão, livre mercado. Quem não aceitar isso, está no governo errado. Esperem pra vinte e dois, né? O seu Álvaro Dias. Espere o Alckmin. Espere o Haddad. Ou talvez o Lula, né? E vai ser feliz com eles, pô! No meu governo tá errado! É escancarar a questão do armamento aqui. Eu quero todo mundo armado! Que povo armado jamais será escravizado.
Charge de Laerte



terça-feira, 19 de maio de 2020

SHOW DE BOLA! (103)

Curta de 9 minutos na Praça da Sé, em 1976. Uma São Paulo que não existe mais, mas já sinalizando a São Paulo que está aí. Um curta primoroso.  Humano. Não perca.  AQUI. 
Praça da Sé em 1976.  Cena do curta-metragem. 

sexta-feira, 15 de maio de 2020

LIXA GROSSA & CIA LTDA (45)

Esse outro vírus terrível - as fake news - também é destruidor: penetra nas mentes e desarranja o entendimento, embaralha a visão das coisas, impede o diálogo em bases honestas.  Pedro Doria mostra como as fake news funcionam hoje no Brasil, em um artigo muito feliz, que colo abaixo, para quem não conseguir abrir aqui 

A Terrível Distopia de Bolsonaro. 


Existe um Brasil paralelo lá fora. Nele, não existem os muitos estudos científicos que vêm dizendo, nas últimas semanas, que a cloroquina não ajuda no combate ao novo coronavírus. O número de mortes este ano em nada difere dos anteriores. Há caixões sendo enterrados com pedras dentro. As pessoas não morrem de Covid-19, e sim de outras doenças, mas médicos desejosos de inflar os números fraudam as certidões de óbito. E, claro, o Brasil parou por ordem de governadores neuróticos, uma conspiração que inclui gente eleita da centro-direita à esquerda. O fato de que toda a Europa menos a Suécia parou, de que todas as Américas pararam, assim como um bom naco da Ásia, sequer registra. Em geral, damos a este fenômeno um nome: fake news. E é isso mesmo. Mas é hora de incluirmos um segundo anglicismo no debate público: gaslighting. Porque as notícias falsas servem a um projeto maior e mostram como a internet opera para ajudar a sustentar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro.

Que fique claro: este Brasil paralelo inteiro não é real. É falso, mas é inventado com os requintes daqueles escritores tipo J. R. R. Tolkien, George R. R. Martin ou J. K. Rowling. É isso que está no Senhor dos Anéis, em Game of Thrones ou Harry Potter: a criação de mundos inteiros, com suas próprias histórias internas, para romances de fantasia. Assim, o país dos caixões enterrados com pedras é o mesmo onde uma conspiração marxista tomou as rédeas das artes, universidades e redações. O país em que governadores por algum motivo desconhecido decidem parar propositalmente a economia é o mesmo em que algo chamado “ideologia de gênero” tem por objetivo sexualizar cedo crianças e, sempre que possível, leva-las à homossexualidade.

Cada peça de informação dessas é uma fake news. Mas o conjunto forma um universo inteiro que tem sua lógica interna e apresenta uma visão de mundo. Isto é gaslighting. O termo vem de uma peça importante do Modernismo inglês, Gas Light, escrita em 1938 pelo dramaturgo Patrick Hamilton. No cinema, teve como atriz Ingrid Bergman. A história tem no centro um casal em que o marido manipula psicologicamente sua mulher até que ela começa a duvidar de sua própria memória e percepção.

Como estratégia política de comunicação, gaslighting é a mesma coisa. É a criação de um universo paralelo que, repetido consistentemente, passa a se tornar crível para alguns. Mas o processo não se dá apenas pela criação destas versões, ela inclui também uma técnica de ação que ocorre via redes sociais. Não é complicada: uma pessoa conhecida, com muitos seguidores e que defenda um ponto de vista, é desafiada com um argumento fantasioso. Não é raro que responda com desorientação. Porque não basta um contra-argumento. É preciso questionar toda a premissa que sustenta o desafio, é preciso provar que aquele mundo não existe. Porque esta pessoa tem muitos seguidores, aquele diálogo vai ganhando audiência.

Este Brasil paralelo vem sendo construído pelo escritor Olavo de Carvalho e seus seguidores há bem mais de uma década. Com a emergência das redes sociais, ganhou dinâmica e volume. E quando Jair Bolsonaro cita em suas lives ou comenta nas entrevistas à porta do Alvorada alguma destas histórias, ele só as torna mais plausíveis. Afinal, trata-se do presidente da República. O problema é o seguinte: continua sendo tudo mentira. 

O Brasil paralelo não existe. Este é um dos problemas deste governo. Ele trabalha na mentira. E a arquitetura de comunicação baseada em redes sociais facilita a construção desta obra fictícia.  Que, com o coronavírus, se tornou uma distopia terrível.
imagem: blogs.correiobraziliense.com.br

sábado, 9 de maio de 2020

LIXA GROSSA & CIA LTDA (44)

Desculpem a heresia de aproximar na mesma frase Aldir Blanc e o presidente. No Estadão impresso de hoje.

quinta-feira, 7 de maio de 2020

SHOW DE BOLA! (102)

Místicos e sencientes consideram a Lua Cheia de Maio a mais importante do ano (aqui). Pois ela está entrando nessa fase nesse instante.  Aproveite a luz que nosso satélite irradia para iluminar seu coração e seus relacionamentos, invocando compreensão e paz. E sigamos.


terça-feira, 5 de maio de 2020

SAUDADES... (36)

Arnaldo Antunes chamou a atenção para a riqueza desses versos de Aldir Blanc, sempre eclipsados na voz maravilhosa de Elis Regina.  "Rubras cascatas/ Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas..."  Está em Mestre-Sala dos Mares. O que é isso senão a beleza mais pura?  Mas minha preferida do compositor é Amigo é Pra Essas Coisas.  Ouça aqui. Do tempo da MPB em que cada música era uma peça teatral completa...
Compositor Aldir Blanc (1946-2020) (foto: brasil247.com)

sexta-feira, 1 de maio de 2020

LIXA GROSSA & CIA LTDA (43)

Conheci de perto o Raí quando ele, em parceria com o também jogador Leonardo e esposas, iniciou um belíssimo trabalho social na Vila Albertina, Tremembé. Era 1999 e nascia a Fundação Gol de Letra, que até hoje segue marcando golaços em diversas áreas de inclusão social.  Acompanhei de perto por uns 8 anos, como membro da Rede Social Vila Albertina, que tinha na FGL a sua grande âncora.  Mas vamos ao que interessa hoje: estou aplaudindo de pé essa jogada do Raí, que conforme o Estadão de hoje (aqui), manifestou clara repulsa aos absurdos e desmandos perpetrados pelo presidente do país.  - Um posicionamento atabalhoado, é o mínimo que se pode dizer. Naquele momento, por exemplo, que ele deu aquele depoimento em rede nacional... Ele está no limite, muitas vezes, da irresponsabilidade, quando ele vai contra todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde.  Não é fácil boleiro se pronunciar.  Hoje ele é diretor do São Paulo Futebol Clube, também não seria fácil tirar palavras ousadas de um cartola do futebol.  Mas esse cartola é simplesmente o Raí, grande jogador (e olha que não sou sãopaulino!), grande ser humano.  Parabéns!
Raí na Fundação Gol de Letra, no Tremembé.  (foto: rai10.com.br)

terça-feira, 28 de abril de 2020

LENDO.ORG (18)

Estou finalizando Viagem ao Redor da Lua, de Julio Verne.  Muito pasmo com a forma visionária com que o escritor mandou três tripulantes à Lua (na verdade ainda não sei se eles vão conseguir alunar), considerando que o romance é de...  1869!  Exatos 100 anos antes do pouso da Apolo 11 no solo lunar, percebo agora!   Conhecimentos científicos  (que não eram poucos à época), elegância e imaginação: o que um romance precisa além disso, pra nos prender?  Bem, com limões e livros, nesse momento, vamos tocando...
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quinta-feira, 23 de abril de 2020

LIXA GROSSA & CIA LTDA (42)


Se não acabarmos com a  indústria do fake news, a indústria do fake news acaba com o Brasil.  O jornalista Eugênio Bucci mostra isso no artigo de hoje, que colei abaixo.  Triste momento que precisa ser superado. 


"Na terça-feira o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito para investigar as manifestações pró-ditadura militar realizadas no domingo. É preciso investigar.
 
É preciso investigar o horror. Domingo foi um dia de horror. Usando a Bandeira Nacional como capa de Zorro por cima de trajes que imitam fardas militares de camuflagem, os circunstantes exigiram medidas exótico-totalitárias, como o fechamento do Congresso e do próprio STF. Contra o horror, o pedido de investigação foi protocolado na segunda-feira, dia 20, pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, que cumpriu seu dever funcional. O Brasil precisa identificar a indústria que está por trás desse pesadelo que vai virando realidade.
 
Todos sabemos que o presidente da República é a cereja podre do bolo infecto. Vestindo uma camisa vermelho-chavista, ele compareceu ao ato em Brasília e discursou diante de faixas que pediam “intervenção militar já”. Ao estrelar a matinê lúgubre, o governante antigoverno segue sua tournê como animador de auditórios macabros e de macabros de auditório.
 
Não obstante, o próprio Bolsonaro não figura como alvo do inquérito. Isso significa que, ao menos por agora, não será oficialmente reconhecido o que já é ululantemente público: que o chefe de Estado patrocina, com seus garganteios perdigotários, a histeria golpista da extrema direita brasileira. Deixemos isso de lado – por enquanto. Não há de ser nada.
 
O que mais conta, neste momento, não é investigar o óbvio comprometimento presidencial, mas descobrir quem atua, e como, no backstage das vivandeiras machistas. O decisivo, agora, é saber com que dinheiro, por meio de que engrenagens de comunicação e com que logística esse movimento se tornou uma empresa bem administrada. Quem financia esse circo que, enquanto bate palmas para aquele tal que deu de declarar “eu sou, realmente, a Constituição”, trabalha para implodir a Constituição federal? Quem gerencia a estratégia? Onde estão os cérebros por detrás dos descerebrados? Estão fora do Brasil?
 
Se não quiser virar geleia, a República precisa decifrar o enigma. Para piorar as coisas, pouca gente ajuda. O presidente da República e as milícias, num coro afinadíssimo, sabotam as políticas sanitárias, chantageando o povo pela reabertura de seus comércios, e ninguém faz nada. As oposições entraram em quarentena moral. É inacreditável. A passividade e a desarticulação das oposições estarrecem. É nesse deserto desolador que a iniciativa de Augusto Aras desponta como o único gesto sério contra o golpismo que bate bumbo. Viva Augusto Aras. Fora ele, só o que temos para protestar contra o anacrônico fascismo vintage são as frases balbuciadas do neoestadista Rodrigo Maia e – ah, sim – a decisão tomada pelo ministro Alexandre de Moraes.
 
Os três pelo menos agiram. Perceberam que não adianta pedir “paciência histórica” e esperar que as instituições tomem as providências. Ora, as instituições são vertebradas por pessoas e, se essas pessoas não agirem com coragem, não haverá como barrar o arbítrio. As pessoas que vertebram as instituições têm de se mexer e, para isso, precisam do clamor organizado das oposições. Ou é isso, ou os fascistinhas de WhatsApp vão levar a melhor.
 
Os fascistinhas de WhatsApp só não levarão a melhor se os crimes sobre os quais se apoiam forem desmascarados. É aí que entram as fake news. Se quisermos de fato desvendar a máquina do golpismo, teremos de entender o nexo entre a indústria clandestina das fake news e o bolsonarismo. Não basta seguir o dinheiro. É preciso seguir as fake news.
 
Em sua decisão, Alexandre de Moraes apontou o rumo. Determinou que se apurem a “existência de organizações e esquemas de financiamento de manifestações contra a democracia e a divulgação em massa de mensagens atentatórias ao regime republicano, bem como as suas formas de gerenciamento, liderança, organização e propagação que visam lesar ou expor a perigo de lesão os direitos fundamentais, a independência dos Poderes instituídos e ao estado democrático de direito, trazendo como consequência o nefasto manto do arbítrio e da ditadura”. Nada mais justo.
 

Agora, finalmente, as fake news entraram na mira certa. Elas são produto de uma indústria organizada, profissionalizada, tecnologicamente bem equipada, que opera por meio de negócios ilícitos e de relações de trabalho clandestinas. Essa indústria, que é criminosa na forma e no conteúdo – como são, não por acaso, as próprias fake news –, turbina a propaganda de ódio e promove a fúria inconstitucional, antidemocrática e antirrepublicana. Essa indústria politiza o debate sobre medicamentos, bombardeia a credibilidade da imprensa, calunia as instituições, desacredita a ciência, enxovalha a universidade, demoniza a arte e fomenta o fanatismo. Ela convence os malucos – alguns dos quais em altos cargos públicos – de que incêndios na Amazônia não existem e de que o vírus é fabricado em aulas de marxismo cultural. Essa indústria milionária é o motor do bolsonarismo. Ou ela vem à luz, ou a treva cobrirá o resto."
Artigo de Eugênio Bucci no Estadão (23/04/2020).  (imagem: reamp.com.br)

quarta-feira, 22 de abril de 2020

35 ANOS

Ontem fez 35 anos que Tancredo Neves morreu. Ele seria o 1º presidente civil após o regime militar.  Coisa louca, ele não tomou posse pois foi internado na véspera, 14 de Março de 1985.  Foram 37 dias de agonia, até que em 21 de Abril - data simbólica, foi noticiada sua morte.  Tomou posse Sarney. O que seria diferente se o mineiríssimo Tancredo tivesse assumido?  Não sei.  Os historiadores que o digam.  A data ia passando batida, mas aconteceu uma coisa curiosa: conversando com um primo, cuja família tem fazenda em Belisário, Minas Gerais, procurei por informações sobre esse lugarejo e encontrei o simpático e ativo blog Em Belisário - MG, e lá vi postagem sobre os 35 anos sem Tancredo Neves (leia aqui).  O blogueiro conta que chorou no dia.  Confesso que também chorei, o clima estava muito comocional.  Vínhamos da luta das Diretas Já!...  Bem, um dia passo por Belisário, escondido na divisa com o Rio.
Foto: blog Em Belisário - MG

sexta-feira, 17 de abril de 2020

LENDO.ORG (17)

Gostoso ouvir que ler faz bem pra saúde. O dr. Peter Liu diz isso, aqui.  Há quase um mês sedentário, é bom saber que estou saudável!  E você,  já escolheu o seu livro de ficção pra atravessar a quarentena? 
Ler oferece benefícios físicos e mentais, segundo o dr. Peter Liu. 

quinta-feira, 16 de abril de 2020

LIXA GROSSA & CIA LTDA (41)

Aquele Brasil que, apesar dos pesares, dava orgulho...  onde foi parar?
No Estadão impresso de hoje, 16/04/20

quarta-feira, 15 de abril de 2020

LIXA GROSSA & CIA LTDA (40)

Texto primoroso de Sérgio Fausto, sobre a liderança que nos falta.  No Estadão o texto está aqui.  Como muitos não conseguem abrir, copiei abaixo. 


QUALIDADES DE LIDERANÇA QUE O MOMENTO EXIGE

Tempos de crise servem de campo de teste para as lideranças. 
Em todo o mundo, os governantes estão diante de um enorme e complexo desafio. Comandam uma batalha em duas frentes, sanitária e socioeconômica, em terreno pouco conhecido. Jamais a humanidade viveu uma pandemia num mundo tão interconectado e exposto a rumores e teorias da conspiração, tampouco uma crise econômica deflagrada por uma emergência sanitária que imponha tamanha restrição à produção e ao consumo. Como se fosse pouco, o inimigo é invisível e, por ora, apenas pode ser contido, não derrotado. A guerra será longa, com muitas fases e batalhas.
O desafio consiste em tomar decisões que atendam da melhor maneira possível ao duplo objetivo, nesta ordem, de reduzir as mortes e a contração econômica produzidas pela disseminação do novo coronavírus. Trata-se não apenas de tomar decisões e reavaliá-las, à luz dos dados sobre o desenrolar nas duas frentes da batalha, mas também de obter a adesão de empresas, famílias e pessoas para que as decisões tomadas possam surtir o efeito pretendido. Para isso é fundamental que a sociedade esteja convencida da correção das ações governamentais, ainda que, em última instância, o Estado possa valer-se de medidas coercitivas para implantá-las. 
Como há vários e conflituosos interesses convivendo em sociedade, a liderança política, em especial nos países democráticos, precisa produzir convergência (ela não surgirá espontaneamente, ao contrário) em torno de uma estratégia de combate que mobilize recursos para proteger os setores sociais mais vulneráveis e os elos mais débeis das cadeias de produção e distribuição de bens e serviços básicos. Deve apelar a valores que unifiquem momentaneamente a sociedade e reforcem mecanismos de cooperação e solidariedade social. Sendo o inimigo um patógeno, cabe à liderança política basear suas decisões no melhor conhecimento das ciências médicas sobre a doença e suas formas de contágio. Mas como a pandemia tem efeitos e implicações socioeconômicas amplos, é preciso mobilizar várias áreas do conhecimento. À liderança política incumbe tanto promover o esforço interdisciplinar para dar base sólida ao processo decisório quanto traduzir em linguagem acessível ao cidadão comum as razões das decisões tomadas. Para não falar no dever mínimo de não propagar fake news. 
A emergência sanitária e socioeconômica exige uma combinação de qualidades que não se encontra com frequência. Requer que políticos se elevem à condição de estadistas, quase da noite para o dia. Tem melhores condições de se erguer à altura do momento quem reúne um conjunto de qualidades: capacidade de acompanhar raciocínios científicos e compreensão de problemas complexos (para os quais há sempre uma resposta simples que está errada); inteligência estratégica para determinar ações congruentes no tempo e no espaço; ampla habilidade de articulação política e interlocução social, para aumentar a eficácia das políticas públicas e corrigi-las ou ajustá-las sem alvoroço e intranquilidade quando necessário; e, por último, mas não menos importante, empatia pelas diversas formas de sofrimento físico e psíquico por que estão passando as pessoas, em especial as mais vulneráveis. 
Agora e no futuro previsível, a estatura das lideranças políticas será medida pela demonstração concreta que tenham dado (ou não) dessas qualidades em decisões tomadas no calor da hora diante de dilemas críticos e inter-relacionados. Por exemplo: quando e sob que condições transitar de uma a outra abordagem da emergência sanitária (seja para radicalizar, seja para amenizar as medidas restritivas a atividades econômicas e à circulação de pessoas)? Até onde expandir o gasto e a dívida pública para suprir a renda perdida por famílias e empresas?
Além da eficácia das decisões tomadas, as lideranças políticas serão avaliadas pelos valores que despertarem na sociedade. Seria ingênuo descartar a possibilidade de o nacionalismo xenófobo ou o individualismo exacerbado saírem fortalecidos da crise atual. Mas existe uma boa chance de que ao final prevaleça a revalorização da cooperação internacional e da solidariedade social para enfrentar os grandes desafios coletivos da nossa época (a pobreza, a desigualdade social, as mudanças climáticas e as pandemias). 
Não escrevi este artigo para apontar o que antes já era óbvio ululante e agora se tornou dramaticamente claro: o Brasil está muito mal servido na Presidência da República. Seria patético, não fosse trágico, que um homem tão desprovido das qualidades para liderar o Brasil, em particular neste momento, esteja hoje ocupando o máximo cargo político do País. 
Felizmente o Brasil, com suas outras lideranças, suas instituições, suas organizações da sociedade, sua gente, é bem maior e melhor do que Bolsonaro. Não há mal que sempre dure. Agora se trata de conter o imenso dano que ele pode causar. Em 2022, de evitar que a história se repita como tragédia.
Sérgio Fausto é cientista político, diretor geral da Fundação FHC. 
Liderança.  (foto: blog.ipog.edu.br)


sábado, 11 de abril de 2020

A HORA DA VERDADE

Acabo de cruzar com uma grande carreata na rua Vergueiro, na altura da estação Ana Rosa do metrô.  Tinha até caminhões buzinando, usurpando as cores da bandeira brasileira e com faixas de Fora Doria! (matéria aqui.) Ou seja, estão politizando sobre a pandemia que avança em todo o planeta.  Continuam reforçando a aposta de que se trata de uma gripezinha. Os dados estão lançados.  A hora da verdade está chegando, e os hospitais de campanha em São Paulo vão dizer.  Se ficarem vazios, o governador terá o que explicar.  Mas se eles lotarem, e forem insuficientes, o presidente precisará ser retirado do cargo imediatamente pelas vias democráticas, porque com milhares de vida não se tripudia!
(foto: iquilibrio.com) 



quinta-feira, 9 de abril de 2020

LENDO.ORG (16)

Os livros chegaram e não tem nada a ver com a pandemia. Faz tempo que não perdoo livro com 50% de desconto.  Lembro quando fechou a livraria Freitas Bastos, na rua XV de Novembro, em 1996. Subia-se numas passarelas muito altas para encontrar os livros que iam desaparecendo na livraria que também desaparecia...  Antes disso, na rua Iaiá, uma livraria então moderna, que não deu certo, liquidando...  A livraria Duas Cidades, na rua Bento Freitas, encerrou com uma procissão solene de leitores lotando as duas salas, silenciosamente comprando os livros na baciada, uma livraria histórica, porém moribunda.  E outras.  Depois as feiras de livros...  Fui numa das primeiras da USP, ainda vazia, acho que no prédio da Geografia.  Hoje é um colosso, está na 21ª edição, milhares de pessoas...  E agora é a vez das editoras diretamente, pela internet, como a Martins Fontes, aqui.  Se não lermos ao menos um livro agora, não lemos nunca mais!