segunda-feira, 29 de julho de 2019

LENDO.ORG (3)

Quem ama ler lê ou ouve a palavra "livros" com outros olhos ou ouvidos. Vem um faniquito, um tremor curioso, dar com essa palavra, que remete a "quero saber", ou "quero comprar".  Mas que tal um "quero trocar"? Pois é, ouvi falar da feira de troca de livros na Biblioteca Mário de Andrade (AQUI), então coloquei na agenda.  Quando chegou o dia coloquei sete livros na mochila e me dirigi à BMA. Entrei com sete, peguei sete fichas, saí com três livros, dei de presente quatro fichas para uma moça que nem acreditou...  Por que saí no "prejuízo"?  Porque não aguentei ficar vendo a desorganização. Economizaram no espaço, economizaram nas mesas expositoras, economizaram no número de funcionários (eram três, só dois trabalhavam, quando quatro seria o mínimo necessário pra funcionar direito).  Enfim, saí com um romance italiano (Francizka), um livro de ensaios do Nobel de Economia Paul Krugman, e um de poesias de Bertold Brecht, livros de qualidade.  Mas faltou qualidade no atendimento. Mandei bronca por email e pelo Face.  Quem sabe na próxima feira (31/8) melhoram...
Feira de troca de livros na BMA.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

SAUDADES... (28)

Mais do que Harrison Ford ou Daryl Hannah, para muitos Rutger Hauer é o protagonista do filme Blade Runner - O Caçador de Andróides.  Houve um casamento perfeito entre o seu tipo físico forte, ariano, e o temperamento rigoroso, centrado, do personagem.  Parece que nenhum outro ator emprestaria um carisma tão elevado a esse filme que é reconhecidamente um clássico da indústria do cinema.  Se é verdade que  meu personagem preferido sempre foi a replicante Rachael, desempenhado por Sean Young, o fato é que essas são questões bizantinas:  assisti o filme no cinema 6 ou 7 vezes, arrebatado pela trama futurística, pelas leituras múltiplas que ele desperta, pela riqueza técnica, pela música espetacular de Vangelis... e pelo encaixe perfeito do elenco. 

O filme foi lançado em 1982, e descrevia uma sociedade distópica, decadente, em que os grandes grupos de poder dominam o planeta, o meio-ambiente está totalmente degradado, os animais são clonados e os mais ricos fogem, indo viver em outros planetas... Essa sociedade rolaria 37 anos depois, em Novembro deste 2019.  Acontece que neste Julho morreu Rutger Hauer. 

Blade Runner é o filme da minha juventude, assim como  Horizonte Perdido foi o da infância, e  Embalos de Sábado à Noite (fazer o que?) o da adolescência. Assistidos mais vezes do que seria sensato, para quem não entende que nós somos muito os filmes que mais gostamos...  Ou não somos?
Rutger Hauer (1944-2019)

sexta-feira, 19 de julho de 2019

LIXA GROSSA & CIA LTDA (19)

Só descobri Luis Fernando Veríssimo velho.  É que o seu principal personagem, o analista de Bagé, me confundia, me assustava, eu não entendia.  Felizmente ele tem muito mais do que isso... Sua crônica ontem no Estadão (AQUI) tem aquele humor irônico e agudo, sempre sutil.  Sobre ser ou não ser nepotismo, pra quem acha que é uma questão...  Reproduzo a seguir, pois às vezes o acesso pede senha:

'NÃOPOTISMO" -  Não sejamos injustos. A discussão sobre se um presidente da República nomear um filho embaixador constitui nepotismo ou não toma um rumo indesejável, agravado pela ignorância ou a má-fé. Muitos não sabem, ou fingem não saber – ou, ao contrário do filho do presidente, não conhecem outra língua além do português – que a palavra “nepote” é italiana, significa “sobrinho” e ganhou conotação política com o costume dos papas antigos de presentear parentes com poder, ou nacos de poder, uma prática que ganhou o nome de “nepotismo”.

Os críticos do presidente não aceitam os argumentos dos que o defendem lembrando que – como é um presidente diferente, com um estilo só seu e hábitos incomuns como o de treinar tiro ao alvo mirando o próprio pé – não se poderia esperar que fosse um presidente comum.

Também não devemos esquecer que o homem que hoje diz que um presidente nomear um filho embaixador não é nepotismo é o mesmo que disse que não houve ditadura no Brasil, uma opinião também ridicularizada, na época, mas que provou ser a mesma de 60 milhões de eleitores brasileiros, desagravando o presidente.

Para responder aos seus críticos, o presidente poderia recorrer à ironia e também ridicularizá-los, lembrando que – como a ditadura – a prática de nomear parentes nunca existiu no Brasil, portanto o que existe é o que poderia ser chamado de “nãopotismo”. Ou então, já que só pode ser coisa de comunista tentando ressuscitar a esquerda, de “neopetismo”.

Ou o presidente pode contra-atacar e desafiar seus críticos a encontrar um exemplo, na sua administração – apenas um, em todos os ministérios, em todos os partidos da sua base, entre todos os chefes de gabinetes e auxiliares de escritório, e todos os parlamentares que o apoiam, entre ascensoristas, motoristas, faxineiras, telefonistas, cozinheiras, empregados, animais de estimação, membros da sua família – apenas um sobrinho do papa.
Residência do embaixador brasileiro em Washington.  Sede própria!
(foto: gazetadopovo.com.br)



  

quarta-feira, 10 de julho de 2019

LIXA GROSSA & CIA LTDA (18)

Adenor Leonardo Bacchi, ou melhor, Tite, gaúcho de Caxias do Sul, nem dois anos mais velho do que eu, sempre me transmitiu uma seriedade envolta não em imposição ou grossura ou arrogância, mas sim em suavidade.  Um tom bem positivo. E assim ele, no Timão, foi campeão em quase tudo:  Paulista, Brasileiro, Recopa, Libertadores, Mundial em Tóquio.  Faltaram a Copa do Brasil (que ele é campeão pelo Grêmio) e a Sul-americana (que ele é campeão pelo Inter). Um vencedor.  Torci na Copa América só por causa dele. Desde 2012 sou muito fã desse cara!
Procure no Google ou Youtube a respeito.  (imagem: Facebook)

terça-feira, 9 de julho de 2019

LENDO.ORG (2)

Eu conhecia como Teatro Taib. Foi preciso me aproximar para entender que o teatro é só um item da Casa do Povo, centro cultural com mais de 70 anos no Bom Retiro.  Surgiu quando o bairro era profundamente judeu. Taib vem de Teatro de Arte Israelita Brasileiro.  Casa do Povo porque a inspiração é social, construir cultura com o povo, judeu ou não.  Mas falemos de livros: a biblioteca dessa Casa ficou fechada 40 anos, e foi resgatada agora com essa instalação de Mariana Lanari:  os 8 mil livros que a compõem estão expostos no 3º andar, como se fossem quarteirões de prédios, prédios de livros.  Você caminha entre eles, pega, folheia, lê, transporta para outra rua...  Fui na inauguração e programo voltar, passar duas, três horas transitando nas ruas do Bom Retiro, entre livros.  Um sonho!  (Até dia 27/7, de 3º a Sáb., das 13 às 19h. Detalhes AQUI.)
Caminhar nas ruas do Bom Retiro, entre livros...

segunda-feira, 8 de julho de 2019

SAUDADES... (27)

Na minha cabeça Paulo Bonfim recebeu de Guilherme de Almeida o bastão de Príncipe dos Poetas, ambos paulistaníssimos cultores da tradição piratininga...  Ambos modernistas, mas Bonfim chegou até nós, e toda 5ª-feira às 18h eu me esforçava pra sintonizar na Cultura FM a sua crônica Passeios da Memória.  E como ele tinha memória paulistana pra compartilhar!

Abro o exemplar de Janeiros de Meu São Paulo, autografado pelo poeta em Outubro de 2006 e já na primeira página: Quando cruzo a Praça da Sé tenho sempre pensamento de gratidão para o cacique Tibiriçá, cujos restos mortais repousam na cripta da Catedral. Sem esse antepassado dos paulistas, a cidade não teria sido fundada e eu não estaria aqui tecendo estas conjecturas...   Consigo imaginar bem sua entonação respirada, pausada, dizendo esse trecho...

Esse homem viveu São Paulo como pouquíssimos...  Saudades...
Paulo Bonfim, princípe dos poetas. (1926-2019)
(foto: joaquimdepaula.com.br)

domingo, 7 de julho de 2019

LENDO.ORG (1)

Inauguro essa seção sobre livros e afins contando da surpresa de encontrar em pleno Shopping D o que poderá ser o futuro imediato das livrarias, desesperadas por sobreviver, o que significa cortar custos até onde não puder.  Essa cortou onde não podia: na mão de obra, no atendimento.  Não tem funcionários!  Peg o livro & pag na maquininha de cartão no fundo da loja, coloque-o no saquinho e leve embora.  O nome diz:  livraria Peg&Pag. O modelo inicia assim:  preço único, 10 reais.  Se levarem sem pagar, o prejuízo é pequeno.  Será que um dia emplaca uma Peg&Pag para livros com preço de mercado? Bem, passei 40 reais no cartão: um romance de Yann Martel (autor de As Aventuras de Pi), memórias do acadêmico Alberto da Costa e Silva (como a ABL tem imortais desconhecidos!), um "Banzai Corinthians", sobre a conquista de Tókio, e um com a paixão nº 1 de Washington Olivetto. Peneirando, tem o que levar.  Sabe onde fica o Shopping D?
Peneirando, tem o que levar na livraria Peg&Pag.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

LIXA GROSSA & CIA LTDA (17)

Entre esquerda e direita, nunca, ao menos nessa vida em que assisto a tanta injustiça, vou comungar da ideologia que deixa aos "mercados" o encaminhamento das coisas.  Ok, a esquerda pisou na bola, errou feio, tá pagando um preço.  Até aí, não vou ultrapassar pela direita, nem vou arrancar meu coração para colocar no lado oposto do peito como, com fino humor e ironia magistral, escreveu Eugenio Bucci AQUI, em seu artigo no Estadão.  
Entre os 800 livro na biblioteca, tenho esses.